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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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O princípio é dialético e nele podemos encontrar uma verdadeira<br />

afinidade com os pressupostos da assim chamada escola frankfurtiana<br />

(daí a comparação com os procedimentos de Benjamin não ser fortuita).<br />

A separação das esferas é legada pela história, mas não constitui<br />

meramente “ideologia” (no sentido de má consciência): é também real,<br />

na medida em que representa a própria estrutura do “processo real”.<br />

Também se formalizava uma proposição para a tarefa do novo tipo<br />

de crítico moderno: transcender a análise especializada (sem dela<br />

prescindir) visando a respeitar a relativa independência do objeto, colhendo<br />

os saberes dispersos e fraturados nas esferas das humanidades,<br />

na “cena contemporânea”. Uma análise que, dirá um crítico norte-<br />

-americano, “pressupõe um movimento do intrínseco para o extrínseco<br />

na sua própria estrutura, do fato ou obra individual para alguma<br />

realidade socioeconômica mais ampla por detrás dele” (JAMESON,<br />

1985, p. 12). Nada a ver, portanto, com as regras do universalismo<br />

estruturalista (e suas estruturas sem referência) ou com a ideia de que<br />

forma estética e situação social corram em vias diferentes ou paralelas.<br />

Como veremos adiante, esses princípios não seriam estranhos aos<br />

outros dois críticos que, entretanto, iriam desdobrar e indicar outros<br />

caminhos e possibilidades dentro dessa mesma trilha.<br />

2 PAuLo EmÍLio: DESLoCAmENto E CÓPiA<br />

As ideias de Paulo Emílio foram decisivas na formação intelectual<br />

de sua geração. Marxista militante, exilado político, frequentador dos<br />

círculos intelectuais radicais franceses, fundador dos cursos de cinema<br />

da USP e da Universidade de Brasília (UNB), teórico dialético das vicissitudes<br />

da cinematografia nacional e seus impasses, o antigo redator<br />

de Clima tinha tudo para conquistar a atenção dos jovens intelectuais.<br />

Mais do que isso, ele lhes deu quase um plano de trabalho, bem como<br />

uma orientação política precisa, como se fora ele o responsável por<br />

repensar o modernismo depois da despedida de Mário de Andrade.<br />

Em 1943, o jornalista Mário Neme, provavelmente influenciado<br />

pela conferência de Mário de Andrade sobre a crise do Modernismo e<br />

as tarefas da nova geração, realizou um inquérito publicado nas páginas<br />

do jornal O Estado de S. Paulo, que depois seria reunido em livro<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />

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