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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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e pelas ciências sociais mais progressistas, iam introduzindo a crítica<br />

cultural dialética – aquela crítica que busca explicar o funcionamento<br />

mesmo da sociedade em que as artes são produzidas e não apenas<br />

a esfera específica em que cada forma artística se encontra – entre<br />

nós. Tomado por influxos criativos vindos indistintamente do abalo de<br />

1930, da modernização europeizante da metrópole paulistana, dos<br />

ventos socialistas, do debate crítico com os veteranos do Modernismo<br />

e com o aprendizado criterioso dos professores europeus na nova Universidade,<br />

esse “grupo-geração” acabou por fazer da crítica de cultura<br />

um espaço fundamental para o engajamento intelectual a partir da<br />

Universidade.<br />

Antonio Candido, em um dos seus mais interessantes escritos crítico-biográficos,<br />

definiu o poeta e crítico modernista Sérgio Milliet<br />

como “homem-ponte” entre a geração de 22 e aquela que ele mesmo<br />

representava. Mais do que isso, Milliet seria sua maior afinidade e o<br />

ponto inicial em que se baseou para definir seu próprio ideário crítico.<br />

Candido salientava as qualidades do tipo de ensaísmo que Milliet introduzira<br />

entre nós: sua capacidade de circundar problemas, evitando<br />

dogmatismos, aguçando a reflexão, engajando sua personalidade<br />

em uma forma crítica que tateia “com liberdade os fatos e as ideias<br />

por meio do pensamento ‘que se ensaia’” (CANDIDO, 1987, p. 131).<br />

Uma atitude que ensaiava ela mesma a possibilidade da crítica dialética<br />

que os anos posteriores viabilizariam entre nós 2 . Uma lição que<br />

os participantes de Clima seguirão, especialmente o próprio Antonio<br />

Candido.<br />

Na “Maria Antônia”, dentro do contexto intelectual uspiano, com as<br />

aulas e leituras de Candido, começa a se definir a possibilidade de se<br />

refletir sobre as mediações extraliterárias e sua continuidade artística.<br />

O autor da Formação da literatura brasileira se tornava o interlocutor<br />

nacional privilegiado para debater o problema teórico da relação dialética<br />

entre obra/história no contexto dependente ou “pós-colonial”.<br />

O momento era favorável e em tudo parecia contraposto ao contexto<br />

2 Paulo Arantes, em seu fundamental estudo sobre Antonio Candido e Roberto<br />

Schwarz (no qual me baseio amplamente), reconhece essas afinidades<br />

mas discorda da “honra” que o crítico oferta a seu antecessor, estranhamente<br />

desautorizando a homenagem (ARANTES, 1992, p. 11).<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />

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