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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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Para o surgimento desse novo momento nos estudos sobre a cultura<br />

brasileira foi de crucial importância a fundação da Faculdade de<br />

Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), projeto acalentado por<br />

modernistas, modernizadores e descendentes progressistas de oligarcas.<br />

Sua principal consequência foi a formação de um certo radicalismo<br />

intelectual, ou mais especificamente, como disse Antonio<br />

Candido (1980, p. 103), um “modesto radicalismo que ficou sendo<br />

uma tradição e tem produzido efeitos positivos”. Sem entrar nos<br />

detalhes desse processo, lembremos apenas que é desse debate de<br />

superação de determinados pressupostos (ou (pré) conceitos) herdados<br />

dos anos heroicos do modernismo, das inquietações trazidas por<br />

algumas brilhantes generalizações historiográficas (que não deixam de<br />

ser devedoras daquele ímpeto revolucionário do primeiro modernismo)<br />

e das transformações trazidas pela implantação de um modelo<br />

europeu de universidade (com professores devidamente importados<br />

da matriz) que a geração de Antonio Candido e Paulo Emílio Salles<br />

Gomes se formou.<br />

Na história do pensamento brasileiro, esses intelectuais formaram<br />

(podendo-se acrescentar a eles os críticos Lourival Gomes Machado e<br />

Décio de Almeida Prado, o sociólogo Ruy Coelho e um mestre francês<br />

de todos eles, o filósofo Jean Maugüé 1 ) o conjunto que ficou conhecido<br />

como “Grupo Clima”, em referência ao periódico de mesmo<br />

nome por eles editado. Os intelectuais ligados ao Clima, não apenas<br />

faziam parte da primeira geração uspiana (tendo basicamente estudado<br />

com professores europeus), mas, situados à esquerda e (cada<br />

um a seu modo) inspirados pelo marxismo (que entre nós até então<br />

só havia dado frutos promissores na obra isolada de Caio Prado Jr.)<br />

1 Sobre Maugüé e sua influência entre os novos, diz Candido: “Provém dele<br />

muito de nossa atitude intelectual e, portanto, uma parte da tonalidade de<br />

Clima. Para ele a filosofia interessava sobretudo como reflexão sobre o quotidiano,<br />

os sentimentos, a política, a arte, a literatura. O nosso grupo incorporou<br />

profundamente este ponto de vista...” (CANDIDO, 1980, p. 162). Reflexões<br />

importantes sobre o Grupo Clima e a presença formadora e pedagógica de<br />

Maugüé para o pensamento uspiano (especialmente filosófico) e para o modelo<br />

crítico a que nos referimos, podem ser vistas em Arantes (1994), especialmente<br />

no Capítulo 2, e também no ótimo estudo de Heloísa Pontes Destinos<br />

mistos. Os críticos do Grupo Clima em São Paulo (1999).<br />

82 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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