Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
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a despeito de deixar praticamente intactos ou redefinidos noutros<br />
patamares problemas seculares; também do ponto de vista teórico-<br />
metodológico, embora sejam inegáveis os ganhos epistemológicos das<br />
Ciências <strong>Sociais</strong> institucionalizadas como disciplina acadêmica, não<br />
existem razões suficientes para superestimá-los como se tivessem permitido<br />
resolver de modo permanente os problemas que os ensaístas<br />
ou os cientistas sociais das gerações anteriores levantaram.<br />
Considero, assim, que a conexão entre pensamento social e teoria<br />
sociológica, aproximando questões do presente a interpretações do passado,<br />
permite fazer uma crítica consistente à abstração da constituição<br />
diacrônica e dinâmica da sociedade e, desse modo, questionar a tendência<br />
de parte importante da sociologia contemporânea a se refugiar<br />
no presente. É essa, aliás, uma das conquistas heurísticas da sociologia<br />
historicamente orientada em geral, ao permitir, na investigação das<br />
interrelações de ações significativas e contextos estruturais, a compreensão<br />
das consequências inesperadas e também das pretendidas nas vidas<br />
individuais e nas transformações sociais (SKOCPOL, 1984).<br />
A abordagem analítica proposta justifica-se, então, fundamentalmente,<br />
tendo em vista o próprio perfil cognitivo das Ciências <strong>Sociais</strong>,<br />
em geral, e da sociologia, em particular. Em primeiro lugar, sendo o<br />
sentido da construção do conhecimento sociológico cumulativo, ainda<br />
que cronicamente não consensual (GIDDENS, 1998; ALEXANDER,<br />
1999), o reexame constante de suas realizações passadas inclusive<br />
pela exegese de textos assume papel muito mais do que tangencial na<br />
prática corrente da disciplina. Em segundo, porque, se “é verdade que<br />
há impasses reais no presente, também é verdade que as controvérsias<br />
sobre o seu objeto e método são mais ou menos permanentes” em<br />
função da própria singularidade da sociologia “que sempre se pensa,<br />
ao mesmo tempo em que se realiza, desenvolve, enfrenta impasses,<br />
reorienta” (IANNI, 1990, p. 92). Assim, confrontada às sínteses sociológicas<br />
do passado, a realização de pesquisas “concretas” sobre as<br />
diferentes dimensões da vida social no presente imediato talvez possa<br />
nos dar uma visão mais integrada e consistente da dimensão de processo<br />
social que o nosso presente ainda oculta – um fio de Ariadne,<br />
por assim dizer.<br />
Essa tarefa se torna mais necessária na medida em que percebemos<br />
que as interpretações do Brasil operam não apenas em termos<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 10-35 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />
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