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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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mia capitalista no Brasil (1958), no qual propõe justamente uma volta<br />

aos valores “patriarcais” e “pré-capitalistas” presentes nas origens<br />

da formação social brasileira como possibilidade de reordenação não<br />

conflituosa da vida social.<br />

Quando passamos, porém, dos aspectos mais salientes – e mais datados<br />

– da obra e da trajetória de Oliveira Vianna e da recepção de suas<br />

ideias, entrando nos aspectos teóricos mais gerais, é possível identificar<br />

um conjunto de proposições que confere a sua sociologia política<br />

um interesse mais amplo que o sentido normativo ao qual geralmente<br />

é associada. Tomo para tanto uma questão central da sociologia<br />

política de Oliveira Vianna, questão que expressa de modo emblemático<br />

como uma interpretação fortemente interessada da realidade<br />

social pode produzir conhecimento sociológico relevante. Como se<br />

sabe, era lugar-comum da crítica conservadora da Primeira República<br />

(1889-1930), e não só dela, conferir às instituições republicanas uma<br />

legalidade sem correspondência na sociedade – como se existissem,<br />

desencontrados, um país “legal” (o da Constituição liberal de 1891) e<br />

outro “real” (o do dia a dia da sociedade). Esse lugar comum é confirmado<br />

por evidências cotidianas de que os direitos, como princípios<br />

normativos universais associados à tradição liberal, não se efetivavam<br />

naquele contexto corrompido por toda sorte de práticas oligárquicas.<br />

Como a maioria dos seus contemporâneos, embora com diferenças<br />

entre eles, Oliveira Vianna descartou qualquer encaminhamento tipicamente<br />

liberal para a efetivação dos direitos e da cidadania. Formulou,<br />

antes, outra concepção de cidadania, que suprimia a noção de indivíduo<br />

como portador de direitos e subordinava-o, como membro de<br />

um grupo profissional, de modo vertical e tutelar ao Estado. E se a controvérsia<br />

quanto ao sentido do seu autoritarismo permanece aberta,<br />

como já assinalado, não se pode negligenciar que, naquele momento,<br />

o liberalismo conferia força às pressões pela democratização política<br />

e social. Em todo caso, a diferença de Oliveira Vianna em relação<br />

aos seus contemporâneos que importa assinalar aqui é que ele soube<br />

traduzir a crítica comum à Primeira República liberal-oligárquica em<br />

termos teórico-metodológicos relativamente consistentes; além de tê-<br />

la formalizado na tese segundo a qual os fundamentos e a dinâmica<br />

das instituições políticas se encontrariam nas relações sociais.<br />

26 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 10-35 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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