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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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um lado, pelas provocações críticas da chamada “teoria da recepção”<br />

(JAUSS, 1978) e, de outro, pelo chamado “contextualismo linguístico”<br />

de Quentin Skinner (TULLY, 1988; SKINNER, 1999). Assim, uma<br />

vertente que se poderia denominar “contextualista” afirma, via contextualismo<br />

linguístico, ser necessário recuperar a intencionalidade<br />

dos autores clássicos a partir da reconstituição minuciosa do contexto<br />

original em que eles e seus textos estavam inscritos (GIDDENS, 1998).<br />

Outra que se poderia denominar “analítica” afirma, por sua vez, a<br />

validade em retomar aqueles textos a partir das questões próprias do<br />

nosso presente (ALEXANDER, 1999).<br />

Uma visão disjuntiva entre essas perspectivas “analítica” e “contextualista”,<br />

no entanto, não é nem inevitável, nem desejável. Pois se supor<br />

que a intenção de um autor possa ser plenamente recuperável implica<br />

mesmo um tipo de “confiança empírica de transparência do mundo<br />

social” difícil de sustentar no contexto da sociologia pós-positivista<br />

(ALEXANDER, 1999, p. 77); de outro lado, não deixa de ser pertinente<br />

lembrar que a importância de procurar entender as intenções de<br />

um autor em um contexto específico está justamente no fato de isso<br />

fornecer uma “sólida proteção contra as excentricidades do relativismo”<br />

(GIDDENS, 1998, p. 18). Assim, penso ser justamente na tensão<br />

entre a intencionalidade do autor, isto é, levando em conta o que tencionava<br />

fazer ao escrever no contexto das questões da sua época, e os<br />

significados heurísticos daquilo que realizou para a sociologia contemporânea<br />

que se deve buscar um entendimento contemporâneo dos<br />

clássicos. É dessa perspectiva que retomo resultados de pesquisa mais<br />

ampla sobre a recepção e o significado teórico heurístico da sociologia<br />

política de Oliveira Vianna (BOTELHO, 2007).<br />

2 A AtuALiDADE DE umA iNtERPREtAÇÃo Do bRASiL<br />

Na década de 1920, em contraste com o que viria a predominar na<br />

seguinte, a preocupação com a questão da formação da sociedade<br />

brasileira partia da constatação da diversidade e das especificidades de<br />

cada uma das suas regiões e da impossibilidade de pensar a sociedade<br />

em termos homogêneos. Não é por outro motivo que o ensaio de<br />

estreia de Oliveira Vianna já traz em seu título, como um dado, a heterogeneidade<br />

brasileira. Populações meridionais do Brasil era parte de<br />

22 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 10-35 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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