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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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a advertência de Max Weber (2004, p. 167), feita ao final de A Ética<br />

protestante e o espírito do capitalismo, sobre a insensatez das tentativas<br />

de substituir uma concepção de primazia causal materialista por<br />

outra idealista – ou vice-versa – na explicação das condutas humanas<br />

mantendo intacto, contudo, o verdadeiro problema de método envolvido<br />

que é justamente o princípio de monocausalidade.<br />

A advertência de Max Weber, aliás, é fundamental para o problema<br />

específico que estamos tratando e se desdobra em duas considerações<br />

principais. Em primeiro lugar, considero que a reorientação analítica<br />

necessária à pesquisa da dimensão cognitiva do pensamento social brasileiro<br />

não possa se limitar ao estudo de contextos, devendo compreender<br />

também o estudo de textos. Não se trata, é preciso deixar claro,<br />

de supor a autonomia dos textos; porém, recusar essa tese não implica<br />

necessariamente aceitar a oposta, do condicionamento da sociedade<br />

sobre as ideias como algo já dado de antemão – não importando aqui<br />

se os condicionantes são entendidos em termos econômicos, políticos,<br />

institucionais ou biográficos. Por isso, também a visão disjuntiva entre as<br />

abordagens chamadas textualistas e contextualistas que se apresentam,<br />

em grande medida, como concorrentes no debate contemporâneo do<br />

pensamento social brasileiro (PONTES, 1997), pode ser, em parte, problematizada.<br />

Tomadas de modo disjuntivo, ambas as posturas podem<br />

acarretar ordenações que, ao lado de inegáveis méritos, não deixam<br />

também de apresentar certos limites simplistas. Assim, mesmo reconhecendo<br />

as diferenças entre aquelas perspectivas, é possível sugerir, no<br />

lugar da escolha exclusiva entre texto ou contexto, que se reconheça e<br />

se qualifique a tensão existente entre estes termos, na medida em que<br />

ela é constitutiva da própria matéria que cumpre à análise ordenar.<br />

Em segundo lugar, se não há consenso sobre a importância dos clássicos<br />

nas Ciências <strong>Sociais</strong> em geral, o mesmo se pode dizer quanto<br />

às vertentes sensíveis à orientação semântica da vida social, isto é,<br />

entre aquelas que reconhecem a importância dos textos clássicos nas<br />

atividades cotidianas da disciplina. No que se refere às vertentes contemporâneas<br />

da sociologia voltadas para a pesquisa dos significados<br />

dos textos clássicos da disciplina, pode-se demarcar o debate em duas<br />

posições contrastantes cujo ponto crucial de discordância diz respeito<br />

à questão da intencionalidade dos autores. Questão cuja polêmica<br />

perene nas Ciências <strong>Sociais</strong> foi recolocada contemporaneamente, de<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 10-35 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />

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