Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
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CoNSiDERAÇoES fiNAiS<br />
O modo marxista de pensar e de proceder intelectualmente continua<br />
a ser indispensável. O mundo globalizado é radicalmente diferenciado<br />
e fragmentado. Não pode ser explicado e compreendido por<br />
abordagens que tenham pretensões esquemáticas, excessivamente categóricas<br />
ou dogmáticas. O predomínio unilateral da autoridade dos<br />
especialistas empurra o cidadão para os bastidores da decisão política.<br />
Corrói e enfraquece a democracia. O pensar em termos complexos e<br />
dialéticos, portanto, funciona como uma poderosa alavanca de compreensão:<br />
sua capacidade de totalização devolve sentido ao mundo e<br />
ao viver coletivo.<br />
A assimilação desse modo de pensar está na base tanto de um<br />
melhor entendimento da política, do Estado e da ação de governar<br />
quanto de uma reflexão a respeito dos recursos e caminhos de que<br />
dispomos para que se viabilize algum tipo de recuperação democrática<br />
da política. Isto quer dizer que pensaremos melhor a política se<br />
conseguirmos entendê-la como uma atividade e um espaço que se<br />
inserem em totalidades concretas que precisam ser analisadas e compreendidas.<br />
Veremos, assim, que a política não se rende nem se submete<br />
ao econômico, ao cálculo ou ao imediato, e só se realiza efetivamente<br />
por meio de sujeitos e em contato aberto com a democracia, a<br />
história e a vida comunitária. Para falar com os termos de Caio Prado,<br />
qualquer teoria da revolução ou qualquer projeto de reforma democrática,<br />
“para ser algo de efetivamente prático na condução dos fatos,<br />
será simplesmente – mas não simplisticamente – a interpretação da<br />
conjuntura presente e do processo histórico de que resulta” (PRADO<br />
JR., 1978, p. 15).<br />
Clássicos como Caio Prado Jr., ao serem revisitados, nos ajudam<br />
mais uma vez, agora não a iluminar e explicar nosso passado, mas a<br />
nos sugerir pistas com que avançar rumo ao futuro.<br />
168 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012