Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
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de contatos, suas imagens e informações que explodem sem cessar,<br />
suas sempre novas tecnologias da inteligência, que no mínimo subvertem<br />
os modos “normais” de produzir e transmitir conhecimentos.<br />
Os intelectuais sempre foram peças-chave dos processos de construção<br />
e reprodução de hegemonias. Hoje, nos contextos globalizados,<br />
com suas redes sociais conectadas em tempo real por dispositivos comunicacionais<br />
que operam como artífices de imaginários, fantasias e<br />
“vontades coletivas”, a hegemonia já não flui como antes. Do mesmo<br />
modo, o intelectual sempre deteve o monopólio de trabalhar com<br />
a palavra, e hoje, nas sociedades da informação, todos trabalham com a<br />
palavra e exercem “funções intelectuais”. Estreita-se a especificidade<br />
do intelectual e muda seu papel social.<br />
Tudo isso faz com que o intelectual passe a encontrar enorme dificuldade<br />
de agir publicamente, de se afirmar e com isso de escapar do<br />
cerco que suas próprias instituições o submetem. Todos ficam como<br />
que magnetizados pela indústria cultural, que é sempre mais indústria<br />
do entretenimento.<br />
Expandiu-se o campo de atuação dos intelectuais, seja porque cresceram<br />
as oportunidades de obter audiência, seja porque se expandiu<br />
a produção de conhecimentos, seja porque aumentaram os meios de<br />
difusão de ideias. Os intelectuais certamente não ficaram mais poderosos,<br />
nem estão mais influentes, mas sem eles os sistemas não funcionam.<br />
Quanto mais se expandem os meios de informação e comunicação,<br />
aliás, mais necessários e visíveis ficam os intelectuais. Tendo de responder<br />
a tantas demandas tópicas e especializadas, os intelectuais já não<br />
têm mais como se ocupar daquilo que os tipifica como intelectuais:<br />
o esforço de totalização.<br />
O intelectual público não morreu. Bem ao contrário, sua existência é<br />
uma exigência histórica e não tem como ser sumariamente descartada.<br />
O momento hoje é de certo refluxo, de certa dificuldade, mas ainda<br />
fornece bastante espaço para que nos dediquemos a pensar com autonomia,<br />
a rever nossos procedimentos e nossas apostas. Fazendo isso,<br />
abrimos caminho, mais uma vez, para a reiteração da figura do intelectual<br />
público.<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />
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