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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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uma inovadora teoria da hegemonia e da sociedade civil. Gramsci,<br />

além disso, caminhou ao largo da versão reducionista de Marx, com a<br />

qual se fixara uma quase absoluta dependência da construção social<br />

em relação à estrutura econômica. Superou tal versão, insistindo no<br />

reconhecimento de que o marxismo se singulariza por ser uma teoria que<br />

afirma, ao mesmo tempo, a autonomia relativa dos âmbitos da economia,<br />

da política, da ética e da cultura e a recíproca influência entre<br />

eles. Seu marxismo é uma teoria política que exclui o voluntarismo e<br />

o arbítrio (derivados da desconsideração dos condicionamentos econômicos)<br />

assim como o fatalismo e a subalternidade (resultantes da<br />

conversão da “determinação econômica” em “economicismo”).<br />

É preciso considerar também que as falhas e dificuldades teóricas<br />

do marxismo – suas insuficiências enquanto proposta científica – não<br />

decorreram de defeitos congênitos, epistemológicos ou ontológicos,<br />

inerentes à própria teoria, mas derivaram, ao menos em parte, dos<br />

condicionamentos, impactos e desdobramentos do movimento comunista.<br />

São problemas políticos que têm a ver com os nexos entre teoria<br />

e movimento político e que, portanto, só podem ser resolvidos com a<br />

redefinição destes mesmos nexos: ou com sua superação, quer dizer,<br />

com sua reposição em bases completamente novas, ou com seu cancelamento<br />

em nome da plena autonomização da teoria.<br />

Pressionado pela própria história da teoria, pela crise do marxismo<br />

e pela desagregação dos partidos comunistas em praticamente todos<br />

os países, o intelectual marxista tornou-se um personagem em busca<br />

de reinserção e contagiado por uma espécie de crise de confiança. Ele<br />

ainda encontra impulso para se reproduzir em nossos dias? Ele ainda<br />

faz sentido, ainda é necessário? Que obstáculos encontra para se afirmar<br />

e se expandir?<br />

O intelectual marxista não tem mais como ser um homem de partido<br />

no sentido de estar formalmente integrado a uma organização<br />

política concreta. Ele certamente precisa ser partidário: tomar partido<br />

e pôr-se em defesa de uma parte da sociedade, a dos subalternos, a<br />

dos excluídos, explorados e humilhados. Mas não precisa ser necessariamente<br />

um militante partidário em sentido estrito, muito menos<br />

um dirigente ou um funcionário de partido. E isso por dois motivos.<br />

Primeiro, porque a nossa não parece ser mais uma época de partidos<br />

entendidos como veículos de transformação social. Os partidos atuais<br />

164 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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