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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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atuavam com autonomia e espírito crítico aguçado. O fato reforça a<br />

tese de que o intelectual e o partido chegaram a uma “solução de<br />

acomodação” (RICUPERO, 2000, p. 128). Ao partido certamente interessava<br />

o vínculo de Caio Prado e o intelectual optou por aceitar<br />

certas restrições e críticas para não ser um “independente diletante”.<br />

No fundo, é provável que não tenha vislumbrado a possibilidade de<br />

ser um marxista tout-court fora desse ambiente, no qual seria possível<br />

pensar e agir como parte de um movimento potencialmente capaz de<br />

levar à prática certas soluções cogitadas teoricamente. Tratou o PCB<br />

como um partido que “historicamente sempre defendeu certa categoria<br />

social, o proletariado, além de ser um partido em que não entra o<br />

interesse pessoal” (apud SECCO, 2008, p. 50).<br />

Afinal, também o intelectual que não deseje ser diletante necessita<br />

de uma referência coletiva para poder ser produtivo. Isso significa<br />

encontrar um difícil equilíbrio entre pensamento e ação, autonomia e<br />

compartilhamento, conhecimento e pedagogia. O PCB foi essa referência,<br />

do mesmo modo que a <strong>Revista</strong> Brasiliense funcionou como um<br />

“segundo” partido, a plataforma a partir da qual Caio Prado operou<br />

como intelectual. Ação e pensamento puderam assim conviver.<br />

3 iNtELECtuAiS E mARxiSmo HoJE<br />

A época é de crise e perda de prestígio do marxismo. Há quase um<br />

consenso a decretar a “morte de Marx”, que flutua paradoxalmente<br />

sobre uma realidade, o capitalismo globalizado, que repõe sem cessar<br />

a validade de muitas teses de Marx, sua capacidade de permanecer<br />

interpelando os termos da dinâmica social. O marxismo que se repõe<br />

hoje, porém, não é de modo algum a doutrina onisciente e fechada,<br />

autossuficiente e dogmática, que vicejou em outras épocas, mas<br />

sim uma teoria carregada de potência explicativa, plural e dialética. O<br />

marxismo não está morto, mas há algo morto no marxismo.<br />

É equivocada a afirmação de que o marxismo como teoria política<br />

foi somente insuficiência e dogma. Em seu interior, entre outras coisas,<br />

produziu-se também uma proposição teórica como a do italiano<br />

Antonio Gramsci, categoricamente voltada para a reconstrução da<br />

abordagem marxista do Estado e da política, para o estabelecimento<br />

dos fundamentos de uma “teoria ampliada do Estado”, assentada em<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />

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