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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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políticos). Ao invés de buscarem uma reconstrução teórica que superasse<br />

o caráter incompleto do pensamento de Marx, muitos de seus<br />

intérpretes procuraram simplesmente usar os fundamentos teóricos<br />

de Marx para ativar estratégias políticas. O dogmatismo paralisou a<br />

dialética marxista e fez com que o marxismo – bem como todos os<br />

seus produtos tópicos (teoria da revolução, teoria do Estado, teoria do<br />

partido) – parasse no tempo, deixasse de acompanhar e assimilar as<br />

transformações que se foram processando na realidade social do capitalismo.<br />

Como escreveu Caio Prado, “a longa fase de acentuado dog -<br />

matismo que imperou em todo pensamento marxista, como fruto dos<br />

graves erros do estalinismo”, somada às características culturais brasileiras,<br />

pesaram negativamente, “embaraçando qualquer tentativa de<br />

verdadeiro e fecundo trabalho de elaboração científica”. Os prejuízos<br />

consolidaram-se “em concepções rígidas, verdadeiros dogmas que se<br />

tornaram altamente respeitáveis” (PRADO JR., 1978, p. 34).<br />

4. O ideal de transformação social projeta o marxismo para o terreno<br />

da revolução social. O intelectual marxista, porém, não pensa<br />

a revolução como um momento mágico, localizado no tempo, com<br />

data certa para começar e ser concluído. Trata-se essencialmente de<br />

um processo de lutas, tensões, conflitos e negociações, no decorrer<br />

do qual se acumulam forças que projetam reformas estruturais e<br />

se empenham para sua implementação. Há uma mola processual<br />

e “consciente” nas revoluções imaginadas pelo marxismo. Ainda que<br />

possam conhecer momentos de explosão popular ou de aceleração<br />

das mudanças, o que conta é o longo prazo, aquilo que pode haver<br />

de transformação estrutural e sustentável da vida social. E ainda que<br />

o “acaso” e a espontaneidade social possam jogar algum peso na dinâmica<br />

reformadora das revoluções, o que conta é a capacidade que<br />

os sujeitos sociais têm de produzir organização política e projetos de<br />

transformação social. A revolução concebida pelos marxistas, assim,<br />

não é a passagem abrupta de um sistema social a outro, mas sim uma<br />

sucessão de reformas de variada intensidade e no decorrer das quais<br />

se encadeiam rupturas nas estruturas sociais, nas relações econômicas,<br />

no Estado e no equilíbrio recíproco das diferentes classes e categorias<br />

sociais. Ela se distingue claramente de uma “insurreição”, que se<br />

vale do emprego da força para derrubar um governo ou um regime.<br />

Seu sentido real e profundo aponta bem mais para a transformação<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />

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