Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
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Também por isso, seu relacionamento com o partido seria quase<br />
sempre polêmico, repleto de divergências e discrepâncias teóricas<br />
substantivas, como já foi assinalado por diversos estudiosos do tema<br />
(SANTOS, 2001; RICUPERO, 2000; REGO, 2000; SECCO, 2008).<br />
2 SER iNtELECtuAL E mARxiStA<br />
A postura de Caio Prado Jr. como marxista e como comunista esclarece<br />
importantes traços de sua biografia e de sua obra historiográfica.<br />
Oferece-nos uma ótima oportunidade para dar destaque a alguns dilemas<br />
do intelectual e particularmente do intelectual marxista no Brasil,<br />
do homem de ideias que se projeta para o campo da atuação política.<br />
Mas o que é o intelectual marxista, que traços o particularizam no<br />
universo cultural?<br />
1. Antes de tudo, o intelectual marxista vale-se de um método de investigação,<br />
de uma perspectiva metodológica: a totalidade concreta, a<br />
historicidade dialética, perspectiva que Marx assimilou da filosofia de<br />
Hegel e desenvolveu em sentido materialista. O marxismo é uma teoria<br />
que persegue o alcance de “sínteses” por meio de um trabalho de<br />
unificação das múltiplas determinações que organizam os processos<br />
sociais. O tratamento do real como um todo complexo e articulado faz<br />
com que o marxista rejeite a unilateralidade, o esquematismo e a simplificação.<br />
Para ele, o ser social é um produto humano, historicamente<br />
determinado, complexo e contraditório, que precisa ser interpelado<br />
como um todo. Causalidades simples tornam-se assim tão precárias<br />
quanto o determinismo mecânico, quer dizer, a tentativa de fazer com<br />
que tudo derive de uma única determinação, seja ela a economia, a<br />
política, as ideias ou a tecnologia, por exemplo. As causalidades, na<br />
verdade, traduzem-se no marxismo como interações dialéticas, que<br />
devem ser apreendidas historicamente. O modo de produção (a economia)<br />
é um decisivo fator de determinação, mas não é o único fator<br />
com potência explicativa. Nem o único, nem necessariamente o mais<br />
importante. Forças não econômicas jogam um peso igualmente decisivo<br />
na história, a começar da política, seja como ação política seja<br />
como superestrutura e institucionalidade política.<br />
Para o marxismo, o pensamento se afirma enquanto movimento,<br />
sendo, portanto, sempre incompleto: não está vazio de verdade, mas<br />
SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 148-169 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />
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