Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
21.<br />
Meter na dança carne.<br />
a carne é igual no Feminino e no Masculino.<br />
Descobrir o corpo anterior ao feminino e descobrir o corpo<br />
anterior ao Masculino.<br />
A carne é o corpo anterior ao sexo.<br />
Meter carne na dança.<br />
Deixar a dança ser primeiro que o corpo.<br />
Ao corpo anterior ao Feminino e ao corpo anterior ao<br />
Masculino<br />
é impossível acrescentar algo novo.<br />
Não abrir o exterior do corpo para a carne entrar; Não abrir o<br />
exterior do corpo para deixar sair a CARNE.<br />
Não meter CARNE na Dança. Não tirar CARNE da dança.<br />
Deixar a dança ser Naturalmente Carne.<br />
CARNE: a poética dos ossos e dos Mortos é igual: CARNE.<br />
a Matéria da Poética obedece aos instrumentos de Medida.<br />
Exibir as Medidas da Alma.<br />
A carne quando aparece aparição antes do corpo exibe as<br />
Medidas da alma.<br />
A carne quando aparece aparição antes do corpo exibe as<br />
Medidas da alma.<br />
(TAVARES, 2001, p. 32).<br />
É possível verificar, porém, a partir do fragmento 21 intitulado “Medidas<br />
do corpo”, como Gonçalo M. Tavares elabora mais uma medida<br />
para sua escrita entre o corpo e a dança. A escrita como um ponto de<br />
mesura, de eclosão, de abertura, o seu acontecimento antes do corpo,<br />
como aquele estado de inocência ou de jorro permanente do qual nos<br />
fala Nietzsche e Badiou: como o gesto do bailarino ao dispor do corpo<br />
como se ele fosse inventado, quando a dança é o corpo subtraído de<br />
todo saber de um corpo, de toda ciência. É o corpo eclodido a partir<br />
do esquecimento de todo o seu saber, eis o milagre. E assim, o corpo<br />
como acontecimento paradoxal, ao retirar a pele, termina por “Exibir<br />
as medidas da alma” e passa a ser o osso nu e a carne nua, eis de novo<br />
o milagre. A escrita vem como a força de um movimento retido e sem<br />
lugar, resultado de um “Ser Profundo nos ENSAIOS” (TAVARES, 2001,<br />
142 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 114-147 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012