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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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sempre para tentar entender esta lacuna entre o erro e a correção do<br />

erro, entre voltar atrás e seguir em frente e, ainda, voltar atrás se atrás<br />

for seguir em frente:<br />

e<br />

Claro que podemos errar e não voltar atrás para corrigir o erro porque<br />

o erro não é o ERRO o erro só começa no corrigir, errar e avançar não<br />

é errar: é avançar; errar e corrigir não é corrigir: é errar (TAVARES,<br />

2001, p. 53).<br />

Só voltar atrás se atrás for à Frente.<br />

(TAVARES, 2001, p. 54).<br />

Ensaiar, no exemplo desses fragmentos, está no sentido daquilo que<br />

a dança se distingue e, ao mesmo tempo, também se assemelha: erro<br />

e correção e voltar atrás como se fosse voltar à frente. Esse movimento<br />

que se dá entre uma coisa ou outra é estabelecido por uma espécie<br />

de “primeira matemática” (expressão que Gonçalo M. Tavares indica<br />

e usa no fragmento citado a seguir, intitulado “A 2ª Matemática”), porque<br />

ainda é feita e pensada a partir de ordem e regras, quando toda<br />

oposição estabelece uma escolha entre uma coisa OU outra, como<br />

a paixão ou a razão no plano estoico ou o erro e sua correção,<br />

como está no trecho citado anteriormente. Desfazer isso é armar o<br />

paradoxo, arma-se o paradoxo quando propõe-se que o começo de<br />

algo, como o erro, está em sua correção, o que normalmente seria<br />

o contrário: a correção seria o fim do erro, e não o seu começo. O<br />

paradoxo, para Gonçalo Tavares, é o que abre o belo para sobreviver 6<br />

– “O paradoxo abre o belo. / A sobrevivência do belo: é urgente tornar<br />

PARADOXO o belo: / A sobrevivência do belo” (TAVARES, 2001,<br />

p. 46) –, seria, segundo ele, “mudar o corpo para melhor” (TAVARES,<br />

2001, p. 46), ou seja, “Evitar Pitágoras. Evitar Pitágoras dos números.<br />

/ Evitar Pitágoras dos números no centro do corpo” (TAVARES, 2001,<br />

p. 45). Para depois, seguindo o gesto circular e de repetição, refazer<br />

6 Na edição brasileira do Livro da dança esse fragmento, que é o de número<br />

35 na edição portuguesa, aparece intitulado como “Sobreviver” (p. 49). Na sequência,<br />

o fragmento que se inicia com “Evitar Pitágoras” (p. 48) é o de número<br />

34 na edição portuguesa e se intitula, na edição brasileira, como “Evitar”.<br />

SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 114-147 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012<br />

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