26.04.2013 Views

Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

significado do fim de qualquer sonho utópico possível em relação ao<br />

comunismo soviético e sobre a nova “cultura” da fase pós-industrial<br />

do capitalismo (que acompanhava sua leitura da arte “pós-moderna”).<br />

É o caso dos livros pioneiros A opção imperialista e A opção brasileira.<br />

Como ele mesmo explicou no prefácio de A opção imperialista,<br />

sua intenção nesse momento era “indicar a linha de forças que impõe<br />

ao Brasil uma distorção que o desnatura, se não o faz definhar ou mesmo<br />

perecer”, bem como “definir aos brasileiros a retificação que se impõe<br />

para fazê-lo reencontrar seu próprio destino” (PEDROSA, 1966, p. 2).<br />

No momento histórico daquilo que ele chamou de “internacionalismo<br />

burguês multinacional”, ou de arte pós-moderna, era preciso<br />

pensar além da arte e da política. E ele pensou o seguinte:<br />

Estou pensando em escrever um livro sobre as multinacionais ou a<br />

teoria da contrarrevolução mundial. Eles têm um projeto, fundado em<br />

uma tecnologia cada vez mais desumana. Um domínio da civilização<br />

do hotel Hilton. O que eles querem fazer é a civilização do hotel Hilton!<br />

Baseada no plástico, nessa matéria-prima que nada tem a ver com<br />

a organicidade da natureza e da terra, implantando uma civilização<br />

falsa. Isso é a teoria da contrarrevolução mundial, internacionalmente.<br />

É preciso um rearmamento ideológico fantástico para continuar a luta<br />

ideológica, que não se encontra mais em lugar nenhum (PEDROSA in<br />

MODERNO, 1984, p. 34).<br />

Nesse ponto, ele parou e abandonou a crítica de arte. Nesse ponto, a<br />

ideia da formação de uma crítica materialista da produção cultural nas<br />

condições brasileiras, que também se fundasse na crítica da configuração<br />

social do capitalismo contemporâneo, também parou, na medida<br />

em que o desmanche trazido pelo fim da etapa desenvolvimentista<br />

e do nosso ambíguo projeto de “civilização” estancou a veia crítica e<br />

abriu caminho para o ecletismo e a despolitização contemporânea.<br />

É desse ponto que nós devemos recomeçar, se de fato quisermos<br />

continuar a luta contra “a civilização do Hotel Hilton”, sobretudo aqui<br />

dentro do nosso Planeta Favela. Se não me enganei terrivelmente nas<br />

páginas anteriores, creio que os três críticos que vimos são uma fonte<br />

ainda fresca de possibilidades para se pensar para além do que nos<br />

tornamos.<br />

110 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!