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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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síntese entre o local e o cosmopolita (o projeto de sua geração, como<br />

vimos em Antonio Candido e Paulo Emílio também), Pedrosa diz:<br />

Não estará saindo desse paradoxo, dessa ‘vontade profunda’ o embrião<br />

ainda precário, mas já existente, de uma arte brasileira moderna<br />

e autóctone, isto é, autenticamente regional, de saborosos e fortes<br />

acentos dialetais, na grande linguagem abstrata universal? Como já é o<br />

caso com a nossa arquitetura” (PEDROSA, 1998, p. 319).<br />

Assim, para Mário Pedrosa (esse “socialista singular” como o definiu<br />

Antonio Candido” (in MARQUES NETO, 2001, p. 14)) a crítica tinha<br />

que ser sempre, como dizia Baudelaire, “parcial, apaixonada e política”<br />

para contribuir para a utopia emancipatória da arte e da vida, ideia<br />

que não era estranha ao princípio crítico de Paulo Emílio, como vimos.<br />

Por isso Mário Pedrosa não pode ser visto apenas como um teórico<br />

das vanguardas estéticas no Brasil, mas também (e ao mesmo tempo)<br />

como seu crítico. Pois<br />

a consciência dilacerada não é hoje apenas a consciência do povo, das<br />

massas, das classes: é também das elites e das vanguardas. A arte é um<br />

esforço perene de superação da consciência dilacerada. Ela é por isso<br />

mesmo vencida sempre, substituída por outro esforço, e assim indefinidamente<br />

até o ser da sociedade deixar de ser dilacerado (PEDROSA,<br />

1995, p. 275).<br />

Do mesmo modo, a atuação política socialista tem de ser ela mesma<br />

experimental, uma vez que<br />

o socialismo não consiste apenas na conquista do poder pelo proletariado<br />

e na execução das reformas de estrutura com a socialização dos<br />

meios de produção. O socialismo é a ação consciente, quotidiana e<br />

constante das massas, mas por elas mesmas e não por meio de uma<br />

“procuração” a um partido de vanguarda mais consciente (PEDROSA<br />

apud MARQUES NETO, 1993, p. 252).<br />

Trata-se, portanto, de uma concepção da revolução e do partido<br />

como uma experiência radical em processo constante de transforma-<br />

108 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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