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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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Essa busca da síntese, da utopia da arte “sintética” (que ora lhe apareceu<br />

nos desdobramentos do concretismo, em sua vertente neoconcreta,<br />

ora na síntese da arquitetura funcionalista, escultural e racional brasileira<br />

no auge de nosso sonho desenvolvimentista) fundamenta ainda melhor<br />

a máxima da arte como “exercício experimental da liberdade”. Sua missão<br />

seria “extravasar no mundo vivido aquele conteúdo que precisou<br />

de liberdade para decantar-se segundo leis próprias” (ARANTES, 1991,<br />

p. XII-XVI ). Nada a ver, uma vez mais, com qualquer exercício formalista,<br />

nem greenberguiano, nem pós-moderno. Em 1955, explicando o<br />

significado do Grupo Frente e de seu “horror ao ecletismo”, ele definiu<br />

perfeitamente a diferença entre a “arte pela arte” e a busca da arte autônoma<br />

em seu exercício experimental de liberdade:<br />

A arte para eles não é atividade de parasitas nem está a serviço de ociosos<br />

ricos, ou de causas políticas ou do Estado paternalista. Atividade autônoma<br />

e vital, ela visa a uma altíssima missão social, qual seja a de dar estilo à<br />

época e transformar os homens, educando-os a exercer os sentidos com<br />

plenitude e a modelar as próprias emoções”( PEDROSA, 1998, p. 248).<br />

No plano brasileiro, essa concepção era bastante original, e tinha<br />

consequências. Pois no Brasil, a noção de “vanguarda” foi vulgarmente<br />

assimilada como sinônimo de “experimentação” destinada a ofuscar<br />

“passadistas” e “atualizar” com as vogas e modas internacionais. E aqui<br />

os pontos que ligam o militante marxista que se fez crítico de arte com os<br />

jovens universitários paulistas se tornam mais visíveis. Com Mário<br />

Pedrosa, o sentido da ideia de vanguarda na condição moderna se torna<br />

peculiarmente mais radical: liberar uma sociabilidade reprimida e alienada;<br />

ser negativa e antiburguesa, buscando passar do mundo vivido à<br />

arte e dessa para o mundo, de volta. É nesse ponto que podemos entender<br />

seu interesse pela arte produzida pelos loucos e pelas crianças,<br />

bem como sua valorização constante da arte “primitiva”, sobretudo a<br />

dos povos pré-colombianos. Isso não apenas porque aí poderíamos encontrar<br />

uma arte produzida por consciências ainda não alienadas pela<br />

linearidade da concepção burguesa de mundo (e de arte), mas porque<br />

militar por essas causas permitia resguardar a arte como necessidade e<br />

direito de expressão “que está em todo ser vivo, em todo ser humano,<br />

psicótico ou inocente” (PEDROSA, 1995, p. 256).<br />

106 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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