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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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conceituosos para terminar em estilo de tropos oratórios” (1998, p.<br />

145-148). Então, assumindo de vez o tom engajado da nova época,<br />

sob os ventos favoráveis do desenvolvimentismo e do novo tipo de<br />

engajamento institucional que o próprio Pedrosa advogará para esse<br />

momento, conclui:<br />

Pela primeira vez nesse Brasil pachorrento, inerte que no entanto começava<br />

a esboroar-se sob a desintegração da velha economia feudal e<br />

cafeeira, um punhado de jovens se levanta contra a modorra e clama<br />

que não somente nos domínios interessados da política os homens<br />

têm motivos de lutar, de brigar. A arte é cada vez mais, em nossos dias,<br />

uma atividade digna de por ela os homens, os melhores dentre eles,<br />

lutarem e se sacrificarem (p. 152) 12 .<br />

Em resumo, “por paradoxal que possa parecer, foi pela consciência<br />

do seu ‘internacionalismo modernista’, na expressão de Mário (de Andrade),<br />

que o movimento chegou – outra expressão de Mário – ao seu<br />

‘nacionalismo embrabecido’” (1998, p. 139). Aqui Pedrosa organizava<br />

as coisas ao seu modo (um modo parecido com aquele usado por<br />

Paulo Emílio para interpretar o nacionalismo russo). Nenhum nacionalismo<br />

é combativo (“embrabecido”) se não souber partir antes de um<br />

“internacionalismo” moderno. Ora, foi esse o caminho do nosso crítico,<br />

tanto quanto foi de sua geração, como vimos antes com Antonio<br />

Candido e Paulo Emílio. Seria também a partir de uma interpretação<br />

peculiar, e muito radical, desse “internacionalismo modernista” e de<br />

sua consequência como forma de agir dentro da tradição artística e<br />

política do país que Mário Pedrosa encontraria seu caminho particular.<br />

Sua atividade crítica partiria daí para compreender a História da Arte<br />

em um grande processo no qual, pelo menos desde o século XIX, a<br />

12 Cerca de vinte anos depois, em um de seus mais excepcionais textos, “A<br />

Bienal de cá para lá”, Pedrosa mudará sensivelmente essa abordagem cinquentista<br />

dos feitos da Semana. Ali, em meio aos horrores do Golpe militar e<br />

prestes a enfrentar mais um exílio (e mais uma derrota), ele explicará a semana<br />

a partir da imagem de um grupo aristocratizante, que ignorou a arte e a cultura<br />

populares (ele pensa nos artistas proletários que criaram, nos anos 1930, o<br />

Grupo Santa Helena) (PEDROSA, 1995).<br />

102 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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