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Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

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temporâneos (Herbert Read, Romero Brest, Greenberg, entre muitos<br />

outros). Ao lado deles aparecem escritores como Baudelaire (talvez<br />

sua principal “inspiração”), Proust, Apollinaire ou os poetas e ensaístas<br />

do modernismo brasileiro, especialmente Mário de Andrade (e neste<br />

ponto ele se aproxima de seus colegas do Grupo Clima).<br />

Como para Antonio Candido e Paulo Emílio, Mário de Andrade é<br />

o vértice de um processo. Mas Mário Pedrosa acerta as pontas com o<br />

mestre de maneira particular. Em 1952, dez anos depois de Mário de<br />

Andrade fazer o seu necrológio do primeiro Modernismo e de si mesmo,<br />

Mário Pedrosa foi convidado a fazer também uma conferência<br />

para lembrar a Semana de Arte Moderna. O contexto era sumamente<br />

distinto, como se o Brasil fosse outro país (e de certa maneira era). No<br />

início do surto desenvolvimentista, em pleno gozo da redemocratização,<br />

após a fundação dos grandes museus de arte moderna (o MASP,<br />

o MAM de São Paulo e do Rio) e da I Bienal de Arte de São Paulo, o<br />

futuro parecia aberto. O Mário vivo propõe um diálogo com o Mário<br />

morto e docemente reinventa o futuro e o passado modernos. Pessimismo<br />

lá, otimismo aqui.<br />

Concordando com Mário de Andrade quanto ao “espírito” em transe<br />

nos anos 1920, Pedrosa localiza esse “espírito”: fala da experiência psíquica<br />

e “mágica” do contato com a pintura moderna propiciado pelas<br />

experiências de Anita ou Brecheret: para ele, foi a pintura que antecipou<br />

a revolução na literatura (e não o contrário, como nos acostumamos a<br />

pensar). Eis a tese: “A iniciação modernista deles começou a se fazer não<br />

através da literatura e da poesia mas através das artes especificamente<br />

não verbais da pintura e da escultura” (PEDROSA, 1998, p. 127).<br />

A representação plástica tradicional estaria mais arraigada na cultura<br />

conservadora do que a verbal (por isso ele destaca a história de Mário<br />

de Andrade sobre o escândalo causado em sua própria família quando<br />

ele apareceu com a escultura representando a cabeça de Cristo, feita<br />

por Brecheret). Porém, a linguagem plástica seria mais universal, daí ser<br />

mais aberta e própria aos problemas da criação e da expressão. Por isso o<br />

modernismo de 1922 não se restringiu a “uma escola literária confinada<br />

em um pequeno grupo isolado, como os simbolistas e pós-simbolistas<br />

do Rio”. A universalidade da arte propiciou inclusive que o melhor do<br />

nacionalismo modernista não ficasse preso às armadilhas do nacionalismo<br />

de “formas mais superficiais e estreitas”, sobretudo aquele em sua<br />

100 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

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