26.04.2013 Views

Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

Revista Sinais Sociais N20 pdf - Sesc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da crença no papel transformador da arte “desalienante”, aquela<br />

que se opunha à “consciência dilacerada” de nossa época, ideia central<br />

em sua crítica). Como explicou Otília Arantes, “sem nunca deixar<br />

a militância política, jamais dissociará revolução mundial e arte de<br />

vanguarda” (ARANTES, 1991; 1995).<br />

O exercício crítico de Mário Pedrosa desenhou de maneira transparente<br />

a utopia da arte moderna, seus impasses e suas perspectivas em<br />

seu momento mais sólido. Do mesmo modo, sua atividade crítica é<br />

um exercício constante de redefinições e proposições. De fato, ao longo<br />

de sua vida, Pedrosa propôs várias formas de disciplina crítica, de<br />

compreensão e pedagogia da arte revolucionária (desde a proposição<br />

da arte proletária quando do seu primeiro ensaio dos anos 1930 sobre<br />

Käthe Kolwittz, originalmente uma conferência apresentada no Clube<br />

dos Artistas Modernos, o CAM de Flávio de Carvalho, passando pela<br />

abstração construtiva e pelo racionalismo arquitetônico), até repensá-<br />

-la no sentido de definir uma particular noção de “pós-moderno” –<br />

que o encaminhou para pensar tanto uma arte “ambiental” quanto<br />

uma arte de “retaguarda”, para manter vivo e possível um ideal de arte<br />

de “vanguarda” revolucionária. Ao lado da tarefa crítica e pedagógica,<br />

foi também um articulador de estruturas partidárias revolucionárias<br />

e de estruturas institucionais no campo das artes, no “auge” de sua<br />

militância artística.<br />

Para Mário Pedrosa (e com Mário Pedrosa) não se pensa arte sem<br />

política revolucionária – e vice-versa – ainda que a arte para ele deva<br />

ser, por princípio, um terreno autônomo (e aqui surge uma grande<br />

novidade em relação à elaboração estética do grupo uspiano). Sua<br />

definição de arte mais recorrente ficou célebre (e hoje infinitamente<br />

repetida, ao ponto de descaracterizar-se quase completamente): arte<br />

emancipadora (e não qualquer forma ou exercício artístico) significa<br />

o experimental da liberdade. Justamente por ser assim, a arte moderna<br />

(ou suas vertentes construtivas e críticas) foi até certo momento o<br />

melhor laboratório da experiência possível de uma utópica situação<br />

social emancipada. “Exercício” porque a arte é antes de tudo um fazer<br />

atento sobre as coisas; “experimental” porque o exercício artístico, ao<br />

organizar o mundo que a sociedade de classes faz confundir e alienar<br />

diante do trabalho mecânico e repetitivo, permite aos indivíduos (artistas<br />

ou “fruidores”) uma relação mais aberta e livre com a matéria,<br />

98 SiNAiS SoCiAiS | Rio DE JANEiRo | v.7 nº 20 | p. 78-113 | SEtEmbRo > DEzEmbRo 2012

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!