Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc
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nem conseguirá reduzir a distância com respeito aos colegas que não<br />
apresentam atraso. De um modo geral, todas as crianças parecem se<br />
beneficiar de atendimento extrafamiliar com conteúdo educacional,<br />
mas é possível que algumas precisem de incentivos adicionais para<br />
alcançar as outras.<br />
A literatura internacional mostra que intervenções bem-sucedidas<br />
destinadas a recuperar o atraso no desenvolvimento de crianças que<br />
vivem em famílias vulneráveis são relativamente caras e exigem cuidados<br />
especiais, talvez porque nesses casos a escola tenha que cumprir<br />
seu papel natural de dar estímulos que em geral as crianças não<br />
recebem em casa e, ao mesmo tempo, compensar as deficiências de<br />
atenção e estímulo da própria família. Dada a importância central<br />
que o ambiente familiar tem sobre o desenvolvimento nas primeiras<br />
fases da vida, é possível que uma escola que seja apenas escola de<br />
fato não faça diferença fundamental na vida de crianças de famílias<br />
desestruturadas, e investimentos maiores deveriam ser considerados.<br />
Doyle, Harmon, Heckman e Tremblay (2007) resumem em cinco<br />
as características de intervenções compensatórias bem-sucedidas ao<br />
redor do mundo:<br />
a) Dosagem: programas que oferecem maiores montantes de intervenção<br />
produzem maiores benefícios;<br />
b) Timing: programas que começam em idades mais tenras e se estendem<br />
por mais tempo produzem benefícios maiores e mais duradouros;<br />
c) Recebimento direto da intervenção: programas que alteram diretamente<br />
a rotina das crianças (por exemplo, ir à escola) produzem<br />
efeitos maiores e mais duradouros que programas que tentam influenciar<br />
os pais na esperança de que criem melhor seus filhos;<br />
d) Benefícios diferenciados: algumas crianças se beneficiam mais<br />
que outras de uma mesma intervenção. As diferenças estão relacionadas<br />
ao tipo de vulnerabilidade inicial delas e ao grau com<br />
que o programa é desenhado para lidar com aquele tipo específico<br />
de vulnerabilidade;<br />
e) Continuidade do suporte: efeitos positivos iniciais tendem a desaparecer<br />
se não houver posterior suporte adequado para manter<br />
tais benefícios.<br />
SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 38-85 | MAIO > AGOSTO 2011<br />
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