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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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víduos. A primeira é o questionamento da qualidade e correção dessas<br />

estimativas, quer por deficiências metodológicas, quer por dificuldades<br />

de mensuração. Os contrapontos a essa interpretação são os de que: a)<br />

os estudos têm sido realizados com diferentes metodologias e bases de<br />

dados, e chegam às mesmas conclusões. Há bases de dados que buscam<br />

especialmente corrigir problemas de mensuração (FELÍCIO et al., 2009),<br />

bem como há iniciativas de incrementar os estudos com informações<br />

adicionais que possam simular condições experimentais por meio de<br />

métodos de variáveis instrumentais e os resultados parecem bastante robustos;<br />

b) as estimativas para a pré-escola estão também em acordo com<br />

as obtidas em outros países (EUA, Argentina), ao passo que o impacto das<br />

creches não destoa do resto do mundo pela simples razão de que nessa<br />

idade a evidência é pouco conclusiva sobre os benefícios do ensino infantil.<br />

De todo modo, é difícil crer que os impactos da pré-escola possam<br />

estar corretos e os de creches não quando as estratégias empíricas usadas<br />

para estimá-los costumam ser a mesma em cada estudo.<br />

A segunda interpretação é a de que o impacto é de fato nulo, o<br />

que significa que os maiores beneficiados pelo serviço oferecido pelas<br />

creches são os pais, que com isso podem aumentar sua oferta de<br />

trabalho. Considerando que crianças em creches públicas custam não<br />

menos que R$300 mensais ao erário, é plausível supor que o custo-<br />

-benefício desse tipo de intervenção seja negativo, pois dificilmente o<br />

incremento na oferta de trabalho dos pais levaria a um aumento de<br />

renda familiar dessa magnitude. Nesse caso, uma política que simplesmente<br />

pagasse R$300 para que um dos pais ficasse em casa tomando<br />

conta do filho provavelmente tornaria a vida de todos melhor.<br />

A dificuldade com esse tipo de argumento é que, para ser válido,<br />

seria necessário que fossem calculados todos os possíveis impactos da<br />

creche sobre resultados futuros e não apenas impactos sobre uma dimensão<br />

específica, como o aprendizado de matemática ou de linguagem.<br />

Frequentar creche ou pré-escola afeta potencialmente múltiplas<br />

dimensões da formação do capital humano e, muitas vezes, conseguimos<br />

estimar seu impacto apenas sobre um conjunto restrito de indicadores.<br />

Em particular, medidas de resultados cognitivos dos indivíduos<br />

são relativamente mais frequentes nas bases de dados disponíveis que<br />

indicadores não cognitivos, ao passo que quando é possível medir<br />

o impacto desse tipo de intervenção sobre estes últimos, frequente-<br />

72 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 38-85 | MAIO > AGOSTO 2011

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