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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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grama eram sensivelmente melhores do que as escolas frequentadas<br />

pelos negros, e que tal diferença pode explicar por que o impacto do<br />

programa entre os brancos persistiu até a idade adulta ao passo que<br />

entre os negros o mesmo não ocorreu.<br />

No que se refere às creches brasileiras, as conclusões dos estudos citados<br />

sugerem duas possibilidades para interpretar a ausência de impactos<br />

nas estimativas e que deveriam ser objeto de investigação futura. Em<br />

primeiro lugar, é possível que o impacto seja positivo mas efêmero, de<br />

modo que mesmo o estudo com menor distância entre o tratamento e a<br />

medição, que coleta informações na 2ª série do ensino fundamental de<br />

Sertãozinho (cerca de 4 anos após o tratamento), possa já não capturar<br />

a existência de efeitos estatisticamente significativos do programa.<br />

Em segundo lugar, as bases de dados brasileiras carecem de detalhes<br />

sobre as características das intervenções recebidas. De acordo com os<br />

resultados obtidos nos Estados Unidos, programas com maior conteúdo<br />

educacional tendem a ter impactos positivos ao passo que programas<br />

em que as crianças apenas são cuidadas apresentam impactos nulos<br />

ou negativos (como em Bernal, 2008). Além disso, as magnitudes dos<br />

efeitos computados parecem depender da assiduidade das crianças durante<br />

o período do programa e da exposição (tempo integral ou parcial),<br />

informações essas inexistentes em nossos dados. É possível, portanto,<br />

que o impacto nulo reportado nos estudos seja uma espécie de média<br />

ponderada de efeitos positivos de intervenções recebidas por algumas<br />

crianças e efeitos negativos de intervenções recebidas por outras. Nunca<br />

é demais lembrar que no Brasil o sistema de creches foi originalmente<br />

concebido para permitir que as mães pudessem trabalhar, sem que<br />

houvesse o explícito compromisso educacional trazido com a nova LDB<br />

de 1996. É razoável supor, portanto, que grande parte das creches brasileiras<br />

se assemelhe ao modelo dos daycare centers americanos, que<br />

em geral se mostra pouco efetivo para promover o desenvolvimento<br />

infantil, e que as transformações rumo a um direcionamento voltado<br />

ao ensino ainda não teriam se completado, fazendo com que o antigo<br />

modelo ainda perdure em parte importante das creches.<br />

Com a informação existente, é possível conjecturar algumas hipóteses,<br />

que deveriam ser objeto de investigação futura. O Gráfico 2<br />

mostra a diferença entre a nota de matemática do Saeb 2005 entre<br />

crianças que frequentaram e que não frequentaram creche, segundo<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 38-85 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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