Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc
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3 ESTIMATIVAS DE IMPACTO DE FREQUÊNCIA À EDUCAÇÃO<br />
INFANTIL NO BRASIL E SUAS INTERPRETAÇÕES<br />
Ao mesmo tempo em que está se formando um consenso multidisciplinar<br />
sobre a importância de investimentos em capital humano<br />
durante a primeira infância, sabemos ainda muito pouco a respeito da<br />
melhor forma de realizar esse investimento. As divergências se concentram<br />
essencialmente em estabelecer quando as crianças devem<br />
começar a frequentar a escola (ou mais genericamente se submeter<br />
a algum tipo de cuidado extradomiciliar), em que intensidade, e em<br />
definir qual o tipo ideal de cuidado que uma criança deveria receber.<br />
Estudos que buscam investigar a efetividade do ensino infantil como<br />
meio para promoção de desenvolvimento nem sempre encontram resultados<br />
estatisticamente positivos e significativos. Em primeiro lugar,<br />
escolas infantis não são criadas apenas para educar as crianças, mas<br />
também para permitir que os pais aumentem sua oferta de trabalho.<br />
Parte das estimativas de impacto de instituições que não têm no conteúdo<br />
educacional seu foco principal encontram resultado nulo sobre o<br />
aprendizado. Em segundo lugar, a existência de impactos significativos<br />
depende da adequação da instituição de ensino ao seu público-alvo.<br />
Parte das atividades exercidas na escola depende da existência de ambiente<br />
familiar estimulante para ser melhor aproveitada, mas no caso<br />
de crianças provenientes de famílias particularmente desestruturadas e<br />
vulneráveis pode ser necessário um esforço adicional da escola para<br />
compensar a ausência de tais estímulos. É possível, portanto, que uma<br />
mesma escola tenha impacto positivo se oferecida a uma criança adequadamente<br />
estimulada e impacto nulo se oferecida a uma criança<br />
defasada ou com carência de incentivos complementares em casa.<br />
Apesar de não necessariamente conflitantes, os vários papéis desempenhados<br />
por instituições de ensino infantil podem levar a escolhas<br />
delicadas sobre o tipo de ensino que queremos. Por requerer atenção<br />
individualizada, o ensino infantil apresenta um custo por aluno relativamente<br />
elevado (se comparado a outros níveis de ensino), custo esse que<br />
aumenta ainda mais no caso de intervenções compensatórias. Como os<br />
benefícios em termos de oferta de trabalho dos pais são percebidos antes<br />
dos benefícios associados a um maior acúmulo de capital humano<br />
dos filhos, não raro governantes buscam atender à demanda por escolas<br />
50 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 38-85 | MAIO > AGOSTO 2011