Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc
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e Mendonça (1999; 2000), que analisam o impacto da educação<br />
infantil sobre salários na idade adulta e escolaridade atingida,<br />
e em Curi e Menezes-Filho (2006), Felício e Vasconcellos (2007),<br />
Calderini e Souza (2009), Felício et al., (2009) e Guimarães, Pinto e<br />
Santos (2010), que investigam o efeito do ensino infantil sobre o<br />
desempenho escolar ao longo do ensino básico. Esses resultados<br />
são ainda mais intrigantes se considerarmos que o consenso multidisciplinar<br />
que se forma em torno do tema sugere que quanto mais<br />
cedo se investe no desenvolvimento infantil, mais alto é o retorno<br />
(HECKMAN, 2008). Outro fato carece de investigação aprofundada:<br />
algumas estatísticas descritivas sugerem que, no Brasil, é entre as<br />
famílias mais abastadas que ter ido à creche parece fazer alguma<br />
diferença na vida futura das crianças, ao contrário da evidência internacional<br />
de que são as famílias vulneráveis as que mais se beneficiam<br />
desse tipo de serviço.<br />
Este artigo tem como objetivo principal interpretar a ausência<br />
de indícios de que, no Brasil, o ensino anterior aos 4 anos de idade<br />
tenha impactos positivos sobre resultados futuros, bem como<br />
analisar o efeito significativo verificado com a pré-escola. A partir<br />
dessa interpretação, discute-se que recomendações de política educacional<br />
e quais esforços de pesquisa complementares deveriam ser<br />
realizados para evitar que haja defasagem de desenvolvimento na<br />
primeira infância.<br />
1 IDADES CRÍTICAS<br />
A primeira infância é uma das fases da vida em que os indivíduos<br />
estão particularmente propensos ao aprendizado. Os estímulos<br />
recebidos nesse período não somente aumentam o conhecimento<br />
durante essa fase como também facilitam a absorção de novos conhecimentos<br />
no futuro e sua ausência pode levar a defasagens de<br />
desenvolvimento que exigem maiores investimentos futuros para serem<br />
compensadas. Em alguns casos sequer podem ser totalmente<br />
eliminadas.<br />
SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 38-85 | MAIO > AGOSTO 2011<br />
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