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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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Tal perspectiva também pode ser vista em outras obras. Azevedo<br />

(1920) defende o melhoramento da raça humana pela democratização<br />

do ensino e da saúde. O exercício físico é tido como uma “maravilhosa<br />

ação mecânica, que corrige e modela a estrutura humana” (p.<br />

22). Azevedo (1933) aposta na educação sanitária como um modo de<br />

inculcar nas crianças hábitos higiênicos, regenerando sujeitos, gerando<br />

uma nova nação. Ao mostrar a importância da saúde, tal educação deveria<br />

criar nos indivíduos, desde a infância, uma vigilância constante,<br />

um cuidado intensivo e extensivo com a vida saudável.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A presente análise demonstrou como Fernando de Azevedo era um<br />

homem do seu tempo, ou seja, estava amplamente coadunado com<br />

alguns dos saberes que graçavam à época, notadamente os biomédicos.<br />

A partir de uma visão biologicista de educação, estava voltado<br />

para um investimento biopolítico sobre a população brasileira, apostando<br />

no vínculo entre biologia, política e moral, em conformidade<br />

com a lógica da governamentalidade biopolítica. Visando à construção<br />

de um novo povo e de uma nova nação, subsidiado pelos valores<br />

higienistas, apostava na educação para a contração de hábitos higiênicos,<br />

considerando as práticas corporais como fundamentais no processo<br />

de regeneração do povo e da nação, o que deveria contar com<br />

a atuação necessária do dispositivo biopolítico-pedagógico.<br />

Sua ideia de que a higiene envolve não só aspectos físicos, mas também<br />

morais, expressa o modelo de medicalização das sociedades modernas,<br />

conforme investigado por Foucault, o que indica sua aposta<br />

numa forma de governo dos outros entendida como uma estratégia de<br />

controle da vida calcada na prevenção. Aliás, como ficou evidenciado,<br />

as práticas corporais tinham um valor profilático, que deveria ser<br />

intensamente usado para fins educacionais.<br />

Assim, a cartografia feita permitiu que o pensamento de Fernando<br />

de Azevedo fosse compreendido em sua inegável inserção na lógica<br />

da governamentalidade biopolítica das populações.<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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