Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc
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de Azevedo se insere na lógica da governamentalidade biopolítica. Caracterizando<br />
o brasileiro como um povo sem um tipo étnico definido,<br />
uma etnia ternária, “emperrado, raquítico, destinado à absorção ou ao<br />
menos à quase impossibilidade de galgar agora a posição de destaque<br />
no convívio internacional” (1915, p. 203), Azevedo defende incisiva e<br />
amplamente a necessidade de medicalizar a população do Brasil, a fim<br />
de rejuvenescê-la. Assumindo a modernidade como parâmetro, defendendo<br />
que a educação física pela ginástica escolar é um fato precípuo<br />
para regenerar a sociedade brasileira, logo, a nação, afirma que<br />
não há senão seguir estas tendências modernas, em que triunfa (...) o<br />
princípio de fusão de todas as ciências para um perfeito ideal educativo<br />
– o sincretismo, que tem por objeto o homem em formação nas várias<br />
manifestações da sua personalidade somática e moral” (1915, p. 206).<br />
Progredir é tomado por Azevedo como sinônimo de regenerar física<br />
e moralmente os indivíduos, conforme aquelas pretensões governamentais<br />
biopolíticas. Nesse sentido, “a regeneração física é incontestavelmente<br />
um dos maiores fatores do progresso, se não for talvez<br />
este próprio progresso” (1915, p. 205). Pressupondo uma espécie<br />
de degenerescência do povo brasileiro, eleva a ginástica escolar à<br />
condição de instrumento fundamental de regeneração social. O objetivo<br />
da educação física escolar, das práticas corporais escolares,<br />
seria a formação de um novo homem brasileiro. Azevedo é taxativo<br />
em relação a isso:<br />
Uma vez entrada pela educação nos hábitos do país, a prática da ginástica,<br />
sustentada durante uma larga série de gerações, depuraria a<br />
nossa raça de diáteses mórbidas, locupletando-a progressivamente<br />
pela criação incessante de indivíduos robustos (1915, p. 208-9).<br />
Azevedo conclui sua visão prestigiosa da ginástica, afirmando que<br />
“o país que não tem educação física está morto” (1915, p. 209). Em<br />
suma, povo brasileiro forte se forma a partir da limpeza étnica e racial,<br />
de robustecimento físico e moral, o que é operado por meio da<br />
prática da ginástica escolar no âmbito da educação física, com vistas<br />
à medicalização da sociedade brasileira, a fim de regenerar a nação.<br />
158 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011