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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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funcionamento dos órgãos (...). A atividade não é menos uma necessidade<br />

moral do que um dever físico” (p. 57-8).<br />

Sua perspectiva é impactante, controvertida, pelo menos nos dias<br />

atuais, pois nela se lê, por exemplo, que “o homem são, cultivado fisicamente<br />

e preparado pelas qualidades do caráter, tem por via de regra<br />

uma predisposição inata à moral”. Além de tal relação ser questionável<br />

do ponto de vista empírico, até mesmo especulativamente parece<br />

insustentável – afinal, se é inata, qual seria o papel daquelas formas de<br />

cultivo físico e de caráter na moralidade? Azevedo chega a citar uma<br />

“tendência para o mal” como resultado de um organismo doentio.<br />

Reportando-se novamente à Grécia Antiga, formula uma relação entre<br />

saúde, qualidades morais e coragem como característica de um tipo<br />

ideal de atleta de corpo e espírito.<br />

Azevedo aduz uma série de nomes para corroborar sua visão. De<br />

Schuyten, toma a ideia de que, pela observação, pode-se concluir<br />

que as crianças mais inteligentes têm mais força muscular; de Stanley<br />

Hall, Feré, Ribot e Binet, a visão de que motricidade e psique estão<br />

em íntima ligação; com Robertson, afirma que o homem é a soma dos<br />

seus movimentos; e, para resumir, põe-se ao lado de Waudsley, apostando<br />

na excêntrica tese de que o caráter do homem é simplesmente<br />

a soma de seus hábitos musculares. Em suma, era o perfeito equilíbrio<br />

do humano, o desenvolvimento harmônico e integral dos alunos, que<br />

Azevedo focalizava, tomando como inconteste a imprescindibilidade<br />

da dedicação aos exercícios físicos e ao cuidado com a cultura corporal<br />

como meio de alcançá-lo.<br />

No que tange à noção de higiene, é menos a ginástica que preocupa<br />

Azevedo do que o ambiente no qual é praticada. O ponto seria,<br />

então, fornecer um lugar asseado, as condições materiais propícias<br />

para que todos os benefícios daquela atividade se desenvolvessem<br />

sem empecilhos. Salas arejadas, iluminadas, sob a influência “salutar”<br />

do sol são tidas como condições de possibilidade do êxito, já que<br />

“sem higiene no local e no fato, não há ginástica profícua” (AZEVEDO,<br />

1915, p. 199).<br />

O aspecto da regeneração, no qual há elementos que expressam<br />

juízos de valor impregnados das pretensões de cientificidade das teorias<br />

da regeneração da época, deixa ainda mais patente a relação que<br />

viemos delineando no decurso do artigo, a saber, que o pensamento<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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