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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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congestionando o cérebro, ativando a circulação e obtendo amplitude<br />

do peito (AZEVEDO, 1915). Tal caracterização dá os primeiros indícios<br />

de que a ginástica escolar coadunava-se com os objetivos da governamentalidade<br />

biopolítica.<br />

Para Azevedo, é necessária uma colaboração médico-pedagógica,<br />

reservando ao médico um papel importantíssimo na escola. Dentre<br />

suas funções, “ele deve examinar alunos na entrada do colégio, separando<br />

as duas grandes categorias de normais e anormais; deverá<br />

velar tanto sobre os jogos, como sobre a aplicação de ginástica, e,<br />

sobretudo, da ginástica respiratória” (AZEVEDO, 1915, p. 185). Sua<br />

argumentação é arrematada com a afirmação de que “é preciso, por<br />

isso, que os médicos inspetores sejam competentes, sobretudo, em<br />

higiene escolar, e afeitos ao estudo e à solução dos mil problemas que<br />

com ela se relacionam” (1915, p. 185). Sua adesão aos princípios da<br />

higiene e sua aposta em um suposto poder de controle social aliado à<br />

promoção de certa concepção de vida ficam explícitas.<br />

Azevedo alude à prática da ginástica moderna uma importância<br />

pouco reconhecida em sua época. Desde o aspecto propriamente<br />

físico-motor ou fisiológico da eficácia dos movimentos e desenvolvimento<br />

da energia corporal, passando pelo moral (formação do caráter),<br />

pelo higiênico e pelo regenerativo, ele abre um amplo espectro<br />

de benefícios advindos da prática da ginástica escolar.<br />

Quanto ao primeiro, Azevedo (1915) afirma que a ginástica racional<br />

tem de dar ao escolar “a coordenação desejável à produção dos atos<br />

físicos mais difíceis com o mínimo de esforço” (p. 22), tendo por um<br />

dos seus fins “desenvolver o aparelho locomotor” (p. 54). Recorrendo<br />

à cultura grega antiga e à indiana dos yoghi, Azevedo propugna a<br />

estreita interligação entre o aspecto físico-motor e a moral, afirmando<br />

que “não pode existir educação antagonista do corpo e do espírito”<br />

(p. 52). O homem, entendido como um maquinário orgânico solidário,<br />

sofre a repercussão do “enfraquecimento” dessa solidariedade<br />

harmônica ao nível do estado moral geral, ou seja, do pensamento, da<br />

vontade, dos hábitos e da sociabilidade. Para ele, “o desenvolvimento<br />

do indivíduo e a formação de seu caráter dependem tanto do funcionamento<br />

dos órgãos, como da qualidade de sua educação” (p. 53).<br />

Em outro trecho, há a assertiva de que “a inteligência e a moral não<br />

são, pois, menos influenciadas do que o físico pelo exercício e pelo<br />

156 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011

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