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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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dos instrumentos mais relevantes para tal, o que reforça a afirmação<br />

acerca da estreita vinculação entre educação e higienismo.<br />

De acordo com o médico parisiense Alfred Becquerel, a higiene<br />

deveria ser entendida de um ponto de vista mais geral, ou seja, como<br />

higie ne privada, aquela que diz respeito à saúde individual, e como higiene<br />

pública, que se refere à saúde coletiva (GONDRA, 2003). Como<br />

uma espécie de conglomerado de ciências, uma ciência compósita<br />

(física, química, história natural e patologia), ela deveria se dar a tarefa<br />

de fazer florescer a humanidade nos seus mais diversos aspectos. E é<br />

justamente nesse sentido que, de acordo com Gondra (2003), o higienismo<br />

opera como uma matriz de projetos educativos, o que pode ser<br />

aplicado à inteligibilidade do papel dado à educação física. Conforme<br />

Gondra (2000), o uso pedagógico da higiene pode ser identificado na<br />

medida em que ela aparece como um instrumento de aperfeiçoamento<br />

das forças humanas, bem como de desenvolvimento de uma nação.<br />

É na esteira desse pensamento que Fernando de Azevedo, conhecido<br />

redator e signatário do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova<br />

(1932), parece perceber o papel da educação física na escola.<br />

Na tese apresentada para o concurso à vaga de professor da cadeira<br />

de ginástica do Gymnasio Mineiro, em 1915, defendia a necessidade<br />

de fundamentar cientificamente a ginástica escolar, a fim de que<br />

ela fosse devidamente utilizada como prática higienista e moralizante<br />

(GÓIS JUNIOR, 2009). Azevedo era um apologista da colaboração<br />

médico-pedagógica no ambiente escolar, propondo a periódica mensuração<br />

de coeficientes ligados a valências físicas, tais como a robustez<br />

e a força muscular, e a introdução de exames antropométricos. Todos<br />

esses elementos deveriam compor um boletim das medições corporais<br />

do aluno, o qual deveria ser assinado por um professor, pelo reitor e<br />

por um médico inspetor (AZEVEDO, 1915).<br />

Segundo Fernando de Azevedo, a cultura física se destinaria a vários<br />

fins. Um deles é definido como ginástica fisiológica. Esta, por sua vez,<br />

subdivide-se em terapêutica e ortopédica e em profilática ou higiênica.<br />

Para ele, era justamente esta subcategoria que devia viger na<br />

escola. Conforme o seu entendimento, a ginástica escolar subdividia-<br />

-se em educativa e higiênica. Enquanto àquela caberia desenvolver a<br />

atenção, a prontidão no movimento, a coragem e a energia, esta tinha<br />

a função de beneficiar o corpo, corrigindo atitudes defeituosas, des-<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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