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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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segue servindo de fundamento para que a educação física opere como<br />

um dispositivo biopolítico-pedagógico. Como um instrumento pedagógico<br />

que, entre outras coisas, ensina os sujeitos a se governarem a si<br />

mesmos, a educação física foi um precioso dispositivo de governo da<br />

vida, sobretudo em termos higiênicos.<br />

Aliada aos métodos de previsão de riscos, a educação física fora proposta<br />

como uma forma de combate às doenças. Melo (2001), no seu<br />

estudo sobre o nascimento da ideia de que esporte é saúde, aponta<br />

como o remo foi uma prática desportiva que auxiliou na constituição<br />

de um processo de crescente modernização, urbanização e saneamento<br />

da cidade do Rio de Janeiro. Segundo o autor, no século XIX,<br />

começa-se a perceber uma nova relação dos habitantes com a cidade,<br />

com a água e o mar incorporados, primeiramente, como práticas<br />

higiênicas e terapêuticas, o que foi fundamental para o vertiginoso<br />

desenvolvimento do remo como o “sport saudável”, uma prática desportiva<br />

plenamente adequada às imagens de progresso e de modernidade.<br />

Tais imagens incluíam, como pano de fundo, uma ideia geral<br />

de progresso da nação que se relacionava com o ideal de indivíduos<br />

saudáveis, física e moralmente (MELO, 2001).<br />

A articulação entre discursos e saberes médicos, política e pedagogia<br />

está delineada em termos de higienismo. Citando o eugenista brasileiro<br />

Renato Kehl, Gondra ressalta o destaque dado à higiene, definida<br />

como a solução dos problemas da humanidade, pois seria capaz de<br />

engrandecê-la e de promover sua felicidade, assim como seu bem-<br />

-estar físico e moral, além da evolução somática e intelectual. Ainda<br />

segundo o eugenista, a higiene é uma “arte de conservar a saúde (...),<br />

prolongando a vida dentro dos limites ótimos de sua duração normal”<br />

(KEHL apud GONDRA, 2003, p. 28). Gondra e Garcia (2004) ressaltam<br />

a investida higienista sobre a melhoria das condições de salubridade<br />

da infância. O tratamento de problemas como a má circulação<br />

do ar, que acarretava um alto índice de contaminação, a temperatura<br />

e a umidade elevadas etc. eram alvos da higienização da sociedade,<br />

especialmente do ambiente escolar.<br />

A infância era vista como capaz de proliferar os ensinamentos e hábitos<br />

educacionais e higiênicos. Acreditava-se que ela disseminaria a<br />

consciência higiênica. Ao passo que a criança era vista como uma espécie<br />

de elemento propagador dos ideais higienistas, a escola era um<br />

154 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011

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