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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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O lema da governamentalidade, em todas as suas formas, pode ser<br />

descrito por três questões fundamentais, conforme exposto por<br />

Foucault (2007): “como se governar, como ser governado, como fazer<br />

para ser o melhor governante possível” (p. 277-8). Para tanto, poderes<br />

e saberes são mobilizados. É nesse sentido, o da inserção da política<br />

nos limites de uma lógica, por assim dizer, econômica, da melhor<br />

gestão dos recursos para levar a efeito o objetivo do modo mais eficaz<br />

possível, que Foucault analisou, no curso “Segurança, território<br />

e população” (1978), a crise do poder de pastorado que ensejou a<br />

passagem para a razão de Estado, para o Estado governamentalizado.<br />

Nessas pesquisas, não só sobre as governamentalidades, o foco foucaultiano<br />

está voltado, conforme ele mesmo atesta, para os modos de<br />

objetivação dos sujeitos, isto é, as formas de transformação do ser humano<br />

em sujeito. No post-scriptum “O sujeito e o poder”, publicado<br />

na conhecida obra organizada por Dreyfus e Rabinow (originalmente<br />

intitulada Michel Foucault: Beyond Structuralism and Hermeneutics),<br />

Foucault identifica o seu extenso trabalho de reflexão como um empreendimento<br />

que visa a “criar uma história dos diferentes modos<br />

através dos quais, na nossa cultura, os seres humanos têm sido convertidos<br />

em sujeitos” (FOUCAULT, 2001, p. 241). A título de análise,<br />

elejo apenas o polo do governo dos outros, intitulado biopolítica. É o<br />

modo biopolítico de gestão do humano e formação dos sujeitos que<br />

interessa aqui.<br />

Por biopolítica, Foucault entende “a maneira como se procurou,<br />

desde o século XVIII, racionalizar os problemas colocados à prática<br />

governamental pelos fenômenos próprios a um conjunto de seres vivos<br />

denominados como população” (FOUCAULT, 2008a, p. 359). A<br />

biopolítica é um tipo específico de poder que se centrou no corpo-<br />

-espécie, que constitui uma população de seres vivos transpassados<br />

por uma espécie de mecânica própria calcada nos processos biológicos.<br />

De acordo com Foucault (2005), esse exercício do poder é,<br />

essencialmente, um conjunto de tecnologias cujo objetivo é aumentar<br />

a vida, prolongar a sua duração, multiplicar as suas possibilidades, desviar<br />

seus acidentes e compensar suas deficiências pela gestão de certos<br />

fenômenos vitais. Dentre os fenômenos que apontam sobre o que tal<br />

poder atua, estão, como vimos acima, a proliferação, os nascimentos<br />

e a mortalidade, o nível de saúde, a duração da vida, a longevidade,<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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