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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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cações políticas os transformam em iniciativas caóticas, desordenadas<br />

e efêmeras. Muitos projetos são criados e descontinuados sem<br />

qualquer tipo de planejamento racional ou de justificativa pública.<br />

Algumas favelas, mais assediadas pela mídia, possuem uma dezena<br />

de projetos, como a Mangueira, o Pavão/Pavãozinho e a Rocinha,<br />

enquanto outras, como as da Zona Oeste, do Centro e da Leopoldina,<br />

são absolutamente esquecidas pelo poder público e pela<br />

sociedade civil.<br />

Alguns projetos parecem buscar somente um impacto instantâneo,<br />

são efêmeros, não possuem poder de sustentação, constroem<br />

e destroem sonhos, não podem ser considerados estruturantes na<br />

formação dos indivíduos. O outro lado do colapso dos horizontes<br />

temporais, da busca do impacto imediato e do descaso com a continuidade<br />

dos projetos é uma perda paralela de profundidade. Tudo<br />

acontece rapidamente, como uma série de presentes puros e não<br />

relacionados no tempo.<br />

Atualmente, a produção cultural integrou-se à produção de mercadorias<br />

em geral. Surge no meio artístico e cultural a necessidade<br />

e a urgência de se produzirem novos produtos e novas experimentações<br />

estéticas, para serem imediatamente comercializados. Vale<br />

a pena lembrar Baudrillard (2001), quando afirma que a produção<br />

artística também entrou no estádio de circulação ultrarrápida.<br />

Existe uma produção de necessidades e desejos que mobiliza os<br />

indivíduos a consumirem um determinado produto, que pode ser<br />

um filme, um show, um programa de televisão, um estilo de roupa<br />

ou um espetáculo de dança. Mais do que uma inovação estética ou<br />

uma obra de arte, o que se vê é a atualização do capitalismo, para<br />

manter nos mercados de consumo uma demanda capaz de conservar<br />

sua lucratividade. A estética se materializou por toda parte<br />

e assumiu uma forma operacional. O sistema funciona não tanto<br />

pela mais-valia da mercadoria, mas pela mais-valia estética do signo<br />

(BAUDRILLARD, 2001).<br />

A arte na favela também entra na lógica da diversificação do capital.<br />

É como se a preocupação estética do momento suplantasse um<br />

compromisso com o depois. Não há um investimento mais longo e<br />

consistente quanto à formação ética dos atores sociais. A passagem<br />

relâmpago dos investimentos transforma da noite para o dia um<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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