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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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enquanto são crianças. Qualquer traço de maturidade ou o fato de já<br />

terem terminado o segundo grau faz com que os alunos tenham que<br />

interromper suas atividades para ingressarem no mundo do trabalho.<br />

Algumas falas reforçam esse outro lado da relação das mães com o<br />

Projeto II: “minha mãe até gosta que eu me ocupe, mas também tem<br />

aquele outro lado de ter que arrumar emprego” ou ainda, “o problema<br />

é quando fica grande e começa a perder a graça, a família começa<br />

a te pressionar para trabalhar, não dá mais para ficar fazendo peripécias<br />

por aí”. Na visão das mães, o Projeto II é útil durante uma fase<br />

da vida da criança, posteriormente, até pelo componente viciante da<br />

dança, ele passa a ser um problema.<br />

Após o intervalo, iniciou-se uma aula de dança contemporânea com<br />

uma professora convidada. Essa aula se desenvolve dentro dos pressupostos<br />

atuais da dança contemporânea. Ela é fragmentada, não segue<br />

uma progressão pedagógica de exercícios característicos do balé, utiliza-se<br />

de elementos emprestados de outras técnicas corporais, como<br />

acrobacias e exercícios de interpretação. A aula propõe uma mistura<br />

de referências e um campo aberto para experimentações corporais, o<br />

corpo do bailarino é atravessado por várias correntes, ou seja, uma diversidade<br />

de técnicas compõem a sua formação e dão ao seu discurso<br />

coreográfico um tom de mestiçagem.<br />

O processo de aprendizagem na aula de dança contemporânea é<br />

fundamentalmente autoral, o bailarino vai construindo seus próprios<br />

movimentos a partir de determinadas propostas dadas pelo professor.<br />

A partir daí, uma nova dinâmica se instala na aula: existe uma subversão<br />

da ordem tradicional, vista no balé clássico, em que o professor<br />

determina padrões corretos para os movimentos. Enquanto o balé trabalha<br />

com a ideia de reprodução, a dança contemporânea se recria<br />

constantemente, a partir de uma concepção de transformação. Gomes<br />

(2002), em seus estudos sobre a dança contemporânea carioca, mostra<br />

que há sempre um desejo latente entre os bailarinos e coreógrafos<br />

de transformarem e serem transformados. Para a autora, a dança<br />

lida com a ideia de trânsito, mobilidade, passagem, troca, subversão,<br />

como em um constante processo alquímico.<br />

A alquimia se dá entre a história do bailarino e a dança que ele<br />

dança, ou seja, todos os seus passos carregam sua subjetividade,<br />

seus sonhos e desejos. Não existe somente um modo de se dançar,<br />

132 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011

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