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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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do justamente por bailarinos negros e pobres, moradores de favela?<br />

É, novamente, estigmatizá-los e reduzi-los a só uma possibilidade de<br />

expressão, obstruindo alguns caminhos criativos, deixando pouco espaço<br />

para a revolução do novo.<br />

Tudo parecia muito organizado, e como eu já vinha acompanhando<br />

o trabalho dessa companhia há alguns anos, percebi que estava tudo<br />

bem estruturado. Não era só uma companhia de dança, mas um projeto<br />

pedagógico de formação de cidadania com objetivos bem definidos.<br />

Fiquei com medo de toda essa organização abandonar o caos<br />

necessário para a criação artística. Lembrei de Nietzsche.<br />

Diário de campo (22 de março de 2003)<br />

4 O PROJETO II<br />

Dois bailarinos/coreógrafos com ampla formação em balé clássico e<br />

dança contemporânea e com passagens pelos principais balés da Europa<br />

e dos Estados Unidos vieram para o Brasil, a partir de um convite<br />

da Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro, para montar<br />

uma companhia de dança contemporânea carioca e um projeto social<br />

em dança.<br />

Com a formação da companhia, o grupo de profissionais concebeu<br />

um projeto social que tem como prioridade o ensino do balé e da<br />

dança contemporânea para crianças e adolescentes de comunidades<br />

de baixa renda da cidade. Até a realização desta pesquisa, cem jovens<br />

já haviam passado pelo Projeto. Esses jovens são oriundos da<br />

Vila Olímpica da Maré, da Cia. Étnica de Dança e da Fundação Darcy<br />

Vargas. O patrocínio vem do repasse da Prefeitura, embora os organizadores<br />

tenham comentado que não lhes foi repassado tudo o que<br />

foi prometido. “A gente está aguentando quanto pode, mas é muito<br />

difícil trabalhar no Brasil. Nós tínhamos um projeto, que na verdade o<br />

prefeito nunca ‘canetou’, tudo ainda é meio incerto, não dou garantia<br />

desse projeto social, e até da companhia durar muito mais tempo. Eu<br />

vim da Europa com uma proposta concreta, de montar uma companhia<br />

de dança contemporânea na cidade e um projeto social, mas as<br />

coisas, as promessas e o dinheiro ficaram mais no papel do que na<br />

realidade”, diz o coreógrafo.<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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