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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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3.1 AS VISITAS<br />

O primeiro contato da pesquisadora com o Projeto I se deu na I<br />

Jornada de Dança e Inclusão, realizada na Universidade Gama Filho<br />

em 2000, quando foi feita uma apresentação de dança/teatro com<br />

diálogos e coreografias que tinham como tema a realidade social que<br />

eles viviam no morro, com destaque para a questão da miséria, da violência<br />

e da etnicidade negra. Outros encontros se deram em apresentações<br />

e mesas-redondas e, por conta do presente estudo, em visitas<br />

periódicas às sedes do Projeto para registro de observações de campo<br />

e entrevistas.<br />

A primeira visita se deu na sede do Projeto, que fica na subida do<br />

morro. Logo se percebeu que as ruas da favela possuem uma ordenação<br />

espacial bastante diversa e surgem aos nossos sentidos de modo<br />

insólito, apresentando sérios problemas de orientação para os que não<br />

estão familiarizados com o local. Possuem uma lógica topográfica e,<br />

por que não dizer, uma gramática de valores bastante peculiares, inoculando<br />

em seus moradores gostos, costumes, hábitos, modos e opiniões<br />

políticas e contribuindo para tornar os moradores do asfalto cada vez<br />

mais estrangeiros no local.<br />

A sede do Projeto tinha uma sala de dança com espelhos na parede<br />

e outras salas que podiam atender a diferentes atividades. Parecia ser<br />

também um espaço para encontro de jovens. O local era limpo e todo<br />

pintado de branco.<br />

Uma segunda visita, quando foi realizado todo o trabalho etnográfico,<br />

se deu na outra sede, um sobrado antigo e adaptado para abrigar<br />

as atividades do Projeto. A sala de aula tinha padrões considerados<br />

razoáveis para uma escola de dança: 63 metros quadrados de área,<br />

piso de linóleo 4 , espelhos e barra em toda a sua volta, um escritório<br />

de coordenação com sofá e computador, uma pequena recepção com<br />

uma secretária oriunda da comunidade, uma biblioteca e uma cozinha<br />

“para as crianças poderem lanchar 5 ”, segundo a coreógrafa, e um<br />

4 Piso emborrachado adequado para a dança em sala de aula e no palco.<br />

5 As crianças fazem as refeições na sede para que possam se deslocar da<br />

escola diretamente para o projeto, utilizando o uniforme escolar, e assim economizar<br />

no tempo e no gasto com transporte.<br />

118 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011

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