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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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em cada um deles uma parte importante de si” (p. 202). O espaço<br />

social compreende várias redes flexíveis de jogos de linguagem, em<br />

que vários códigos são compartilhados por um determinado grupo.<br />

Essa pluralidade de tribos torna o conceito de “cidade partida” pouco<br />

abrangente, uma vez que ele traduz uma dicotomia que reduz em<br />

dois os territórios da cidade. Contudo, tanto a favela quanto a cidade<br />

se constituem em uma multidão de aldeias, onde as pessoas se<br />

enraízam, se retraem, buscam abrigo e segurança. Enfim, a cidade é<br />

um grande mosaico urbano ou, como aponta Harvey (1996), o tecido<br />

urbano é uma colagem de espaços e misturas altamente diferenciados.<br />

Quando se entrevista os jovens que moram nos morros, se apreende<br />

que há uma diversidade de experiências de vida tão grande que o<br />

asfalto, aprisionado em sua miopia e seu autocentramento narcísico,<br />

nem sonha conhecer. Vianna (1997), ao estudar o fenômeno dos bailes<br />

funk no Rio de Janeiro, relata essa mesma tendência e comenta<br />

que os subúrbios da cidade são sempre considerados como territórios<br />

inexplorados e selvagens, “onde um antropólogo pode descobrir ‘tribos’<br />

desconhecidas como se estivesse na floresta Amazônica” (p. 12).<br />

O que ocorre é que muitas tribos do asfalto (os jesuítas modernos)<br />

desconhecem o que se passa nas favelas (índios) e, muitas vezes, são<br />

eles (os jesuítas) que determinam o que, quando e onde devem ser<br />

feitos os movimentos de intervenção social (catequese).<br />

3 O PROJETO I<br />

O Projeto I teve seu início em 1997, em uma favela da Zona Norte da<br />

cidade do Rio de Janeiro, e desenvolve um trabalho de dança e teatro<br />

com jovens e crianças da comunidade. Atualmente funciona no morro<br />

e também em um sobrado antigo situado numa rua do mesmo bairro.<br />

As atividades oferecidas são: balé, dança afro-brasileira, dança moderna/jazz,<br />

mobilidade articular, expressão e consciência corporal,<br />

pesquisa de movimento, laboratório de coreografia, contato e improvisação,<br />

interpretação, inglês e cidadania.<br />

Já passaram pelo Projeto 325 pessoas entre 7 e 25 anos, e atualmente<br />

ele conta com 113 alunos de dança e 19 alunos do curso técnico de<br />

som e iluminação. O Projeto se mantém pelo patrocínio da Petrobras<br />

e pelos cachês das apresentações.<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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