Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc
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1 A DANÇA ARTÍSTICA SOBE O MORRO<br />
Desde os anos 1990, vários coreógrafos e bailarinos que compõem<br />
o cenário da dança artística do Rio de Janeiro estão investindo na vivência<br />
da dança em comunidades de baixa renda, levando as técnicas<br />
de dança para corpos que, como tradutores do texto e do contexto<br />
social, carregam em si o estigma da exclusão social. Tais coreógrafos<br />
pesquisam as possibilidades estéticas da dança tendo como matéria-<br />
-prima o cotidiano das favelas, ao mesmo tempo em que abrem espaço<br />
para a democratização da vivência da arte.<br />
A dança artística sobe o morro pela ação de projetos sociais que<br />
são, de certo modo, veiculados pela mídia e contam com o apoio de<br />
patrocinadores governamentais e da iniciativa privada, cujos interesses<br />
são diferentes e contrastantes.<br />
No trabalho desenvolvido por Silvia Soter 3 (2002), A dança no Rio de<br />
Janeiro: uma alternativa contra a exclusão, foi elaborada uma cartografia<br />
dos projetos sociais em dança na cidade. Segundo a autora, o balé<br />
clássico, a dança contemporânea, a dança de rua e as danças populares<br />
são alguns exemplos das práticas oferecidas para as comunidades.<br />
Embora todas utilizem a dança como eixo comum, suas propostas diferem<br />
quanto a seus objetivos e metas.<br />
O relatório final do estudo apresentou a catalogação de 32 projetos,<br />
sem garantir a cobertura de todo o universo existente, descrevendo<br />
seus conteúdos quanto ao estilo de dança e aos objetivos do projeto,<br />
o número e o perfil das pessoas atendidas, os benefícios oferecidos<br />
(cesta básica, serviço médico e odontológico, assistência social etc.),<br />
características dos financiadores e investidores privados, tempo de<br />
existência dos projetos, apresentações artísticas, entre outros aspectos.<br />
O estudo de Soter revela uma significativa inserção de projetos sociais<br />
ligados à dança na cidade do Rio de Janeiro. Observa a autora<br />
que tal fenômeno, já presente desde 1989, ganha vulto a partir de<br />
3 Silvia Soter é formada em dança pela Universidade de Paris VIII e em Artes<br />
pela PUC-RJ, além de ser crítica de dança do jornal O Globo. Seu estudo foi<br />
patrocinado pelo Programa de Bolsas RioArte, do Instituto Municipal de Arte e<br />
Cultura, e teve como objetivo mapear os projetos de prática de dança oferecidos<br />
gratuitamente a comunidades de baixa renda na cidade do Rio de Janeiro.<br />
112 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011