Educação em Rede - Sesc
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Sujeitos da EJA e<br />
o currículo<br />
Nesse sentido, a contribuição de Freire (1996, p. 110) continua atual e relevante<br />
para um alicerce fundamental do currículo, quando diz que “ensinar exige com-<br />
preender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”. Na perspectiva<br />
freireana, pensar o currículo é antes de tudo pensar <strong>em</strong> homens e mulheres como seres<br />
pensantes e ativos, produtores de conhecimentos humanizáveis, críticos e reflexivos<br />
que ocorr<strong>em</strong> nas relações sociais. Enfim, o sujeito é histórico-cultural, transcende<br />
ao t<strong>em</strong>po e nele estabelece relações com o conhecimento, e se apropria dele, criando<br />
possibilidades para superar os desafios de uma sociedade dominante e opressora.<br />
Segundo Giroux e McLaren (in MOREIRA e SILVA, 1999, p. 137),<br />
A voz do estudante é um desejo, nascido da biografia pessoal e da história sedimentada;<br />
é a necessidade de construir-se e afirmar-se <strong>em</strong> uma linguag<strong>em</strong> capaz de reconstruir a<br />
vida privada e conferir-lhe um significado, assim como de legitimar e confirmar a própria<br />
existência no mundo.<br />
É nessa perspectiva que deve se organizar o currículo dos sujeitos da <strong>Educação</strong><br />
de Jovens e Adultos, reconhecendo suas especificidades e peculiaridades. Assim, os<br />
objetivos do trabalho pedagógico deixariam de ser apenas os de levar aos alunos<br />
alguns conhecimentos clássicos e formais e passariam a incorporar as possibilidades<br />
de os conteúdos contribuír<strong>em</strong> para as ações concretas que os estudantes dev<strong>em</strong><br />
ser capazes de desenvolver na sua vida cotidiana.<br />
A principal preocupação do trabalho pedagógico passa a ser de saberes que<br />
contribuam para o desenvolvimento da consciência crítica, s<strong>em</strong> que isso signifique<br />
uma opção por qualquer tipo de redução, como foi e ainda é preconizada por alguns.<br />
Não se trata de minimizar conteúdos para facilitar, mas de adequar conteúdos<br />
a objetivos mais consistentes do que os da mera repetição de supostas verdades<br />
universais desvinculadas do mundo e da vida.<br />
Nesse sentido, diz Freire (1996, p. 33-34):<br />
por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina<br />
cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva <strong>em</strong> que a violência é a constante e a con-<br />
vivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? por que não estabe-<br />
lecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos<br />
e a experiência social que eles têm como indivíduos? por que não discutir as implicações<br />
políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade?<br />
Há ética de classe <strong>em</strong>butida neste descaso? porque, dirá um educador reacionariamente<br />
pragmático, a escola não t<strong>em</strong> nada que ver com isso. A escola não é partido. ela t<strong>em</strong> que<br />
ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos.<br />
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