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Educação em Rede - Sesc

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74<br />

Sujeitos da EJA e<br />

o currículo<br />

Nesse sentido, a contribuição de Freire (1996, p. 110) continua atual e relevante<br />

para um alicerce fundamental do currículo, quando diz que “ensinar exige com-<br />

preender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”. Na perspectiva<br />

freireana, pensar o currículo é antes de tudo pensar <strong>em</strong> homens e mulheres como seres<br />

pensantes e ativos, produtores de conhecimentos humanizáveis, críticos e reflexivos<br />

que ocorr<strong>em</strong> nas relações sociais. Enfim, o sujeito é histórico-cultural, transcende<br />

ao t<strong>em</strong>po e nele estabelece relações com o conhecimento, e se apropria dele, criando<br />

possibilidades para superar os desafios de uma sociedade dominante e opressora.<br />

Segundo Giroux e McLaren (in MOREIRA e SILVA, 1999, p. 137),<br />

A voz do estudante é um desejo, nascido da biografia pessoal e da história sedimentada;<br />

é a necessidade de construir-se e afirmar-se <strong>em</strong> uma linguag<strong>em</strong> capaz de reconstruir a<br />

vida privada e conferir-lhe um significado, assim como de legitimar e confirmar a própria<br />

existência no mundo.<br />

É nessa perspectiva que deve se organizar o currículo dos sujeitos da <strong>Educação</strong><br />

de Jovens e Adultos, reconhecendo suas especificidades e peculiaridades. Assim, os<br />

objetivos do trabalho pedagógico deixariam de ser apenas os de levar aos alunos<br />

alguns conhecimentos clássicos e formais e passariam a incorporar as possibilidades<br />

de os conteúdos contribuír<strong>em</strong> para as ações concretas que os estudantes dev<strong>em</strong><br />

ser capazes de desenvolver na sua vida cotidiana.<br />

A principal preocupação do trabalho pedagógico passa a ser de saberes que<br />

contribuam para o desenvolvimento da consciência crítica, s<strong>em</strong> que isso signifique<br />

uma opção por qualquer tipo de redução, como foi e ainda é preconizada por alguns.<br />

Não se trata de minimizar conteúdos para facilitar, mas de adequar conteúdos<br />

a objetivos mais consistentes do que os da mera repetição de supostas verdades<br />

universais desvinculadas do mundo e da vida.<br />

Nesse sentido, diz Freire (1996, p. 33-34):<br />

por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina<br />

cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva <strong>em</strong> que a violência é a constante e a con-<br />

vivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? por que não estabe-<br />

lecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos<br />

e a experiência social que eles têm como indivíduos? por que não discutir as implicações<br />

políticas e ideológicas de um tal descaso dos dominantes pelas áreas pobres da cidade?<br />

Há ética de classe <strong>em</strong>butida neste descaso? porque, dirá um educador reacionariamente<br />

pragmático, a escola não t<strong>em</strong> nada que ver com isso. A escola não é partido. ela t<strong>em</strong> que<br />

ensinar os conteúdos, transferi-los aos alunos. Aprendidos, estes operam por si mesmos.<br />

Serviço Social do Comércio <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong>

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