Educação em Rede - Sesc
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De acordo com Sacristán (2000), o discurso dominante da pedagogia moderna,<br />
mediatizado pelo individualismo, ressalta as funções educativas relacionadas com o<br />
desenvolvimento humano, deixando de considerar, <strong>em</strong> muitos casos, a permanente<br />
função cultural da escola como finalidade essencial. Na discussão sobre a educação<br />
e a qualidade do ensino, torna-se fundamental retomar e ressaltar a relevância do<br />
currículo — recuperando a consciência do valor da escola como instituição facilitadora<br />
de cultura e buscando descobrir mecanismos através dos quais ela cumprirá<br />
tal função —, além de analisar seu conteúdo e sentido.<br />
A busca do sentido da educação escolar e das práticas que nela se realizam não<br />
será, por certo, uma preocupação restrita à <strong>Educação</strong> de Jovens e Adultos, porém,<br />
nela, assume uma dimensão preocupante e desafiante, uma vez que para os sujeitos<br />
da EJA a educação escolar é uma opção que ocorre na fase adulta, e é também<br />
uma luta pessoal e quase s<strong>em</strong>pre árdua que precisa, por isso, justificar-se a cada<br />
dificuldade, a cada esforço, a cada conquista. Ela é permeada e constituída por essa<br />
d<strong>em</strong>anda, que, na busca do sentido da escolarização, se coloca na EJA como indagação<br />
fundamental a todos que se envolv<strong>em</strong> com o ensino e a aprendizag<strong>em</strong><br />
dos conteúdos escolares, dos objetivos, das responsabilidades e perspectivas da<br />
educação e da escola.<br />
Currículo vivo e a prática pedagógica<br />
A relação pedagógica professor-aluno — normalmente determinada pela escola<br />
e pela prática docente – ainda está tão centrada no desenvolvimento do currículo<br />
que não ocorre de uma forma dialogada. Desse modo, a atuação profissional dos<br />
professores está condicionada pelo papel que lhes é atribuído no desenvolvimento<br />
do currículo. As construções curriculares deveriam ter efetiva participação docente e<br />
discente, a fim de se construir um currículo real, no qual os estudantes se percebam.<br />
Para tanto, os professores e alunos precisam ser encorajados e estimulados a construír<br />
e desenvolver seu próprio currículo, interagindo uns com os outros.<br />
Todo currículo traz <strong>em</strong> si uma concepção de hom<strong>em</strong>, de educação e de sociedade<br />
que será vivenciada na escola e na sala de aula; daí considerar que esse instrumento<br />
é colocado <strong>em</strong> prática <strong>em</strong> favor de alguém ou de alguma classe social.<br />
Portanto, no currículo, não há neutralidade e desinteresse, mas, inevitavelmente,<br />
relações de poder.<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
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Sujeitos da EJA e<br />
o currículo