Educação em Rede - Sesc
Educação em Rede - Sesc
Educação em Rede - Sesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Nas últimas décadas, a <strong>Educação</strong> de Jovens e Adultos avançou no campo político,<br />
teórico e metodológico. Pod<strong>em</strong>os considerar como relevantes nesse processo as<br />
contribuições das teorias críticas do currículo. No campo político e teórico, não pod<strong>em</strong>os<br />
deixar de reconhecer a importância da trajetória dos movimentos populares,<br />
principalmente aqueles ligados às d<strong>em</strong>andas da alfabetização de adultos, que,<br />
ao longo do seu processo de luta e mobilização, incorporaram t<strong>em</strong>as e questões do<br />
pensamento crítico.<br />
Nesse sentido, é inegável a contribuição de Paulo Freire. Alguns dos conceitos<br />
centrais do pensamento do autor, como conscientização, libertação e autonomia, e<br />
outros termos, ligados a procedimentos metodológicos, como “a leitura do mundo<br />
precedendo a leitura da palavra”, dev<strong>em</strong> manter-se como referência para o debate<br />
curricular da EJA, já que as questões políticas e pedagógicas do seu pensamento<br />
permanec<strong>em</strong> atuais. Isso ocorre porque as condições sociais, econômicas e educacionais<br />
que geraram e geram esse contingente populacional não escolarizado ainda<br />
se mantêm inalteradas <strong>em</strong> nosso país: “Não posso ser professor se não percebo<br />
cada vez melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma definição.<br />
Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura!” (FREIRE, 1997, p.106).<br />
Porém, não pod<strong>em</strong>os deixar de considerar que essa perspectiva crítica, na EJA,<br />
ocorreu mais nos marcos conceituais do que <strong>em</strong> políticas públicas e práticas docentes<br />
que incorporaram as especificidades teóricas, políticas e metodológicas da EJA.<br />
Dessa forma, o professor ainda encara a <strong>Educação</strong> de Jovens e Adultos por uma<br />
perspectiva compensatória, tendo como referencial pedagógico o modelo de escolarização<br />
de crianças e adolescentes. O conteudismo prevalece, assim como o<br />
distanciamento entre conhecimento formal e a realidade do aluno. Pod<strong>em</strong>os considerar<br />
que se repete <strong>em</strong> muitos casos o fenômeno do fracasso escolar.<br />
Como o debate curricular crítico pode contribuir para reverter esse quadro?<br />
Vamos, agora, a título de reflexão final, apontar alguns el<strong>em</strong>entos a ser<strong>em</strong> considerados<br />
pelos docentes para uma ressignificação das práticas curriculares na <strong>Educação</strong><br />
de Jovens e Adultos trabalhadores.<br />
As teorias críticas, <strong>em</strong>bora n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre com a mesma base epist<strong>em</strong>ológica, têm<br />
<strong>em</strong> comum o caráter contestador da ord<strong>em</strong> social predominante, sobretudo no que<br />
diz respeito aos mecanismos de controle e exclusão, como a escola, que corrobora<br />
para a manutenção das estruturas sociais.<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
49<br />
As teorias<br />
críticas do<br />
currículo e o<br />
processo de<br />
execução,<br />
construção e<br />
ressignificação<br />
de práticas<br />
curriculares na<br />
<strong>Educação</strong> de<br />
Jovens e Adultos