Educação em Rede - Sesc
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Miguel Arroyo, reconhecendo a crise das teorias críticas, a partir dos anos de<br />
1980, faz a seguinte reflexão.<br />
As questões privilegiadas pela teoria crítica silenciaram velhas questões da prática escolar.<br />
O debate sobre currículo, poder, ideologia, produção social do conhecimento, novos ma-<br />
pas culturais; o debate sobre qu<strong>em</strong> seleciona e organiza o conhecimento escolar ocupou<br />
nossos espaços e foi ficando marginalizada a cruel realidade do analfabetismo, da reprova-<br />
ção, da seletividade, da exclusão, do autoritarismo da aula, da violência da escola (...). nesse<br />
quadro, como estranhar o desencontro entre a teoria crítica e a prática escolar e profissio-<br />
nal, entre nossos t<strong>em</strong>as e o dia-a-dia da escola? (ArrOYO, 1999, p. 148).<br />
A intenção desse estudo, ao aproximar as questões das teorias críticas com as<br />
práticas curriculares do professor de <strong>Educação</strong> de Jovens e Adultos, é a de romper<br />
com uma tendência crítica que levou o professor a certo imobilismo. Identifica-se<br />
que, nesse cenário, <strong>em</strong> vez de inovar as práticas curriculares, tais teorias contribuíram<br />
para gerar um sentimento de inutilidade da ação docente:<br />
A teoria levou os professores a duvidar de suas práticas e apontou a necessidade de des-<br />
truí-las. não é por acaso, então, que os professores resist<strong>em</strong> a essa crítica destrutiva de suas<br />
práticas, de suas concepções, de sua cultura escolar e profissional. Sent<strong>em</strong>-se ameaçados.<br />
A crítica não conseguiu ser construtiva de novas práticas. não conseguiu ser inovadora<br />
(ArrOYO, 1999, p. 148).<br />
Para alcançar tal objetivo, vamos tencionar, no debate curricular crítico, o prescritivo<br />
e o praticado, através de um passeio pelas questões que visam à normatização e ao<br />
controle das atividades pedagógicas no cotidiano escolar da EJA, reconhecendo, ainda,<br />
as possibilidades de construção de novos significados para a “prática curricular”.<br />
A escola s<strong>em</strong>pre teve como tarefa ocupar-se do processo de transmissão, assimilação<br />
a construção do conhecimento formal, e este é feito através das propostas<br />
curriculares. Entretanto, é importante mostrar que esse conhecimento formal é<br />
apenas uma das facetas do tipo de cultura que invade o ambiente escolar. Mesmo<br />
cercado desse aparato normatizador, os professores pod<strong>em</strong> criar condições que<br />
lhes sejam favoráveis à realização de uma série de atividades e experiências que serão<br />
vivenciadas juntamente com os alunos e que escapam aos manuais curriculares<br />
e suas imposições estruturais.<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
47<br />
As teorias<br />
críticas do<br />
currículo e o<br />
processo de<br />
execução,<br />
construção e<br />
ressignificação<br />
de práticas<br />
curriculares na<br />
<strong>Educação</strong> de<br />
Jovens e Adultos