Educação em Rede - Sesc
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Neste momento, dev<strong>em</strong>os fazer-nos a seguinte pergunta: por que a preocupação<br />
com o multiculturalismo no campo curricular? É evidente a importância do<br />
componente cultural na cont<strong>em</strong>poraneidade. Trata-se de um campo onde se travam<br />
lutas <strong>em</strong> torno do processo de significação do mundo social, entendendo que a cultura<br />
é uma prática produtiva e constituidora. O mundo, hoje, é palco inconteste de<br />
conflitos predominant<strong>em</strong>ente culturais, por conta das grandes divisões da humanidade.<br />
Tais conflitos são frutos das divergências de interesses entre diferentes grupos,<br />
porque uns quer<strong>em</strong> impor aos outros os seus respectivos significados culturais.<br />
Essas diferenças se dão <strong>em</strong> várias instâncias do tecido social, tais como de raça,<br />
classe social, gênero, linguag<strong>em</strong>, orientação sexual, entre outras. Pod<strong>em</strong>os ilustrar<br />
as consequências desses conflitos através de práticas violentas que reca<strong>em</strong> sobre<br />
esses grupos <strong>em</strong> diferentes partes do mundo, pautadas <strong>em</strong> bases etnocêntricas,<br />
xenófobas, racistas, machistas, homófobas e fundamentalistas.<br />
Dessa maneira, qualquer posição que venhamos a assumir <strong>em</strong> relação às diferenças,<br />
seja ela de rejeição ou de aceitação, não nos permite negá-las. Essa questão<br />
é um traço marcante do nosso t<strong>em</strong>po; não se trata de acreditar ou não, concordar ou<br />
discordar, o fato é que ela nos atravessa de uma forma arrebatadora, por isso, queiramos<br />
ou não, viv<strong>em</strong>os num mundo inescapavelmente multicultural. Ainda que as<br />
reflexões sobre o currículo vir<strong>em</strong> as costas para a multiculturalidade, ela atravessará<br />
os sist<strong>em</strong>as escolares e tudo o que disser respeito às experiências da comunidade<br />
escolar, atuando de maneira inevitável nas ações e nas interações estabelecidas por<br />
diferentes protagonistas.<br />
Assim, nos anos de 1990, o multiculturalismo passa a exercer um papel importante<br />
na luta política de grupos “minoritários”, ao deslocar para o campo da política<br />
o entendimento da diversidade cultural. O multiculturalismo constitui-se, assim, <strong>em</strong><br />
importante base teórica para os movimentos sociais de grupos culturais marginalizados<br />
que lutam para conquistar um lugar de reconhecimento e representação<br />
na cultura nacional. Porém, consideramos que não pod<strong>em</strong>os falar de multiculturalismo<br />
separando-o das relações de poder e de classe que circundam as relações<br />
sociais atuais. Incorporar no debate curricular as questões das diferenças culturais,<br />
raciais, étnicas, sexuais é – e, principalmente, também – falar de relações de classe<br />
e de poder.<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
45<br />
As teorias<br />
críticas do<br />
currículo e o<br />
processo de<br />
execução,<br />
construção e<br />
ressignificação<br />
de práticas<br />
curriculares na<br />
<strong>Educação</strong> de<br />
Jovens e Adultos