26.04.2013 Views

Educação em Rede - Sesc

Educação em Rede - Sesc

Educação em Rede - Sesc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Numa perspectiva crítica não marxista, Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron<br />

publicam, <strong>em</strong> 1970, o livro A reprodução, que passa a ser também uma referência<br />

significativa para as teorias críticas do currículo.<br />

Para explicar o papel da educação na reprodução das bases culturais e econômicas<br />

da sociedade capitalista, os autores usam a categoria de capital cultural. Este<br />

é constituído pelo nível de aquisição que os indivíduos assimilam dos bens culturais<br />

considerados heg<strong>em</strong>ônicos e que os instrumentalizam para a vida social.<br />

Nesses termos, considera-se cultura os valores, condutas e saberes produzidos<br />

pelas classes dominantes como sendo socialmente superiores. Nas sociedades capitalistas,<br />

qu<strong>em</strong> possui tais atributos leva vantagens materiais e simbólicas nesse<br />

processo de diferenciação e hierarquização da cultura como “capital cultural”.<br />

Esse processo ocorre por um mecanismo que os autores chamam de domínio<br />

simbólico da cultura. Os valores, hábitos e costumes das classes dominantes são<br />

apresentados como “cultura”, que é assimilada e valorizada por todos através de um<br />

duplo processo de violência simbólica, o da imposição desses valores culturais e da<br />

ocultação de sua imposição.<br />

Mas de que forma essa seleção e dominação cultural se desenvolv<strong>em</strong> na escola<br />

e contribu<strong>em</strong> para a perpetuação dos valores culturais dominantes?<br />

Para os autores, é na escola que esse capital cultural se revela de maneira objetivada<br />

e de forma institucionalizada, sendo distribuído, socialmente e de forma<br />

desigual, por meio de títulos e diplomas escolares.<br />

O currículo escolar se organiza com base no capital cultural das classes dominantes,<br />

portanto, longe dos valores, linguag<strong>em</strong> e jeito de ser e agir das classes dominadas.<br />

As crianças das classes dominantes, ao conviver diariamente com esses códigos<br />

culturais, viv<strong>em</strong> um processo de assimilação e aceitação; diferent<strong>em</strong>ente dos alunos<br />

das classes dominadas, que sent<strong>em</strong> dificuldade de assimilar esse código, já que<br />

ele não pertence a seu universo social e cultural.<br />

Nessa dinâmica, os alunos das classes dominantes são mais b<strong>em</strong> sucedidos na<br />

escola, abrindo, assim, maior possibilidade para que ingress<strong>em</strong> <strong>em</strong> níveis superiores<br />

de formação. Contrariamente, os alunos das classes subalternas, por não se sentir<strong>em</strong><br />

num espaço de reconhecimento, encaram o fracasso escolar, saindo da escola<br />

antes de alcançar<strong>em</strong> o topo da vida estudantil. Argumentam os autores que, nesse<br />

<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />

43<br />

As teorias<br />

críticas do<br />

currículo e o<br />

processo de<br />

execução,<br />

construção e<br />

ressignificação<br />

de práticas<br />

curriculares na<br />

<strong>Educação</strong> de<br />

Jovens e Adultos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!