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Educação em Rede - Sesc

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Ainda <strong>em</strong> relação à escola, segundo Gramsci, para que o educando adquirisse<br />

capacidade crítica era necessário que lhe fosse apresentado um currículo que trabalhasse<br />

as noções instrumentais, tais como ler, escrever, fazer contas, conhecer os<br />

conceitos científicos, além de seus direitos e deveres como indivíduo social. O autor<br />

defende a manutenção de uma escola única, voltada para a cultura geral, humanista<br />

e formativa, dando acesso aos educandos a “um ensino desinteressado”, destinado<br />

a criar os primeiros el<strong>em</strong>entos de intuição acerca do mundo, liberta de toda<br />

“magia” ou “bruxaria”. Gramsci acreditava que, pelo menos nos primeiros anos de<br />

estudo, o educador deveria transmitir conteúdos aos educandos. A “escola unitária”<br />

de Gramsci é a escola do trabalho, mas não no sentido estreito do ensino profissionalizante,<br />

através do qual se aprende somente a operar.<br />

Segundo Nosella (2004), <strong>em</strong> termos metafóricos, “não se trata de colocar um<br />

torno mecânico <strong>em</strong> sala de aula, mas sim de ler livros sobre seu significado, a história<br />

e as implicações econômicas do equipamento”. Trata-se, portanto, de uma escola<br />

que recupera o significado da própria educação, resgatando um sentido mais amplo<br />

da descoberta e da construção do conhecimento, tornando o educando sujeito<br />

do conhecimento, promovendo-o construtor/elaborador do saber. Tudo isso deve<br />

ser construído dentro da correlação de forças estabelecida, permitindo ao educando<br />

desmistificar a cultura das classes dominantes e, assim, aos poucos, buscar diferenciar<br />

a sua cultura daquela.<br />

Gramsci (2000), portanto, atribui à escola e à educação um caráter <strong>em</strong>ancipador<br />

diverso das teorias anteriores. Ele afirma que o princípio de toda mudança está <strong>em</strong><br />

conhecer com clareza a constituição dos valores dominantes, para que, posteriormente,<br />

fique claro para as classes subalternas o quanto o universo simbólico, os<br />

valores e visão de mundo universais têm, na verdade, do caráter de classes daqueles<br />

que dão a direção ao Estado. Segundo o autor, qu<strong>em</strong> não t<strong>em</strong> conhecimento de<br />

seus próprios interesses vive segundo os interesses de outros, e, assim, arrisco-me<br />

a dizer que a luta pela construção de uma contra-heg<strong>em</strong>onia, ou seja, “a guerra de<br />

posições gramsciana” passa necessariamente pela permanente construção/desconstrução<br />

de valores/contravalores, <strong>em</strong> um processo cuja dinâmica escapa à escola<br />

e à educação continuada, pois a construção da heg<strong>em</strong>onia também é dinâmica e<br />

está s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> movimento, pronta a ser elaborada e reelaborada, definida e redefinida.<br />

E esse movimento, que se dá no âmbito da sociedade civil, forma “intelectuais<br />

orgânicos”, organizadores de uma cultura sob novas bases ético-morais, <strong>em</strong> que as<br />

<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />

31<br />

EJA: de ensino<br />

supletivo à<br />

condição de um<br />

novo paradigma<br />

para a educação<br />

no t<strong>em</strong>po<br />

presente

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