Educação em Rede - Sesc
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EJA: de ensino<br />
supletivo à<br />
condição de um<br />
novo paradigma<br />
para a educação<br />
no t<strong>em</strong>po<br />
presente<br />
lores, podendo observar o que elas reproduziam. E essa observação lhe permitiu<br />
compreender que a complexidade da dominação se encontrava no “consenso”.<br />
Gramsci constatou que a revolução na Itália passava por peculiaridades que<br />
d<strong>em</strong>andavam t<strong>em</strong>po e paciência revolucionários, desconhecidos para o movimento<br />
socialista internacional na época, até mesmo pela maneira como havia sido formada<br />
a cultura das massas populares na Itália; uma questão relacionada não só<br />
às chamadas massas camponesas amorfas do sul italiano agrário, mas também<br />
aos proletários do norte industrializado. Portanto, o “consenso” estava intimamente<br />
ligado à cultura, tratando-se de uma liderança ideológica conquistada entre a<br />
maioria da sociedade, e formada por um conjunto de valores morais e regras de<br />
comportamento.<br />
Segundo Gramsci, “toda relação de heg<strong>em</strong>onia é necessariamente uma relação<br />
pedagógica”, isto é, uma experiência que envolve aprendizado. Para ele, a heg<strong>em</strong>onia<br />
é obtida por meio de uma luta “de direções contrastantes, primeiro no<br />
campo da ética, depois no da política”. Ou seja, é necessário primeiro conquistar as<br />
mentes, para depois conquistar o poder. Mas isso nada t<strong>em</strong> a ver com a manipulação<br />
ideológica. Para Gramsci, a função do intelectual e, por conseguinte, da escola<br />
também, é estabelecer uma mediação para a tomada de consciência dos subalternos,<br />
e por que não dizer dos educandos, no ambiente escolar, algo que passa pelo<br />
autoconhecimento individual e implica reconhecer “o próprio valor histórico”, o<br />
que Nosella (2004) afirma não se tratar de um mero doutrinamento abstrato.<br />
O terreno da luta de heg<strong>em</strong>onias é a sociedade civil, que compreende instituições<br />
de legitimação do poder do Estado, como a Igreja, a escola, a família, os sindicatos,<br />
os meios de comunicação. Ao contrário do marxismo tradicional, que tendia a<br />
considerar essas instituições, mecanicamente, como meros aparelhos reprodutores<br />
da ideologia do Estado, Gramsci via nelas a possibilidade de início das transformações,<br />
pela construção de uma nova mentalidade, própria das classes dominadas.<br />
Na escola vislumbrada por Gramsci, as classes menos favorecidas poderiam se<br />
inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização e pela construção de<br />
uma visão de mundo que levasse os indivíduos a superar<strong>em</strong> o “senso comum”, que<br />
é um conjunto de conceitos desagregados vindos de fora, além de impregnados de<br />
equívocos <strong>em</strong> virtude da religião e do folclore.<br />
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