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Educação em Rede - Sesc

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30<br />

EJA: de ensino<br />

supletivo à<br />

condição de um<br />

novo paradigma<br />

para a educação<br />

no t<strong>em</strong>po<br />

presente<br />

lores, podendo observar o que elas reproduziam. E essa observação lhe permitiu<br />

compreender que a complexidade da dominação se encontrava no “consenso”.<br />

Gramsci constatou que a revolução na Itália passava por peculiaridades que<br />

d<strong>em</strong>andavam t<strong>em</strong>po e paciência revolucionários, desconhecidos para o movimento<br />

socialista internacional na época, até mesmo pela maneira como havia sido formada<br />

a cultura das massas populares na Itália; uma questão relacionada não só<br />

às chamadas massas camponesas amorfas do sul italiano agrário, mas também<br />

aos proletários do norte industrializado. Portanto, o “consenso” estava intimamente<br />

ligado à cultura, tratando-se de uma liderança ideológica conquistada entre a<br />

maioria da sociedade, e formada por um conjunto de valores morais e regras de<br />

comportamento.<br />

Segundo Gramsci, “toda relação de heg<strong>em</strong>onia é necessariamente uma relação<br />

pedagógica”, isto é, uma experiência que envolve aprendizado. Para ele, a heg<strong>em</strong>onia<br />

é obtida por meio de uma luta “de direções contrastantes, primeiro no<br />

campo da ética, depois no da política”. Ou seja, é necessário primeiro conquistar as<br />

mentes, para depois conquistar o poder. Mas isso nada t<strong>em</strong> a ver com a manipulação<br />

ideológica. Para Gramsci, a função do intelectual e, por conseguinte, da escola<br />

também, é estabelecer uma mediação para a tomada de consciência dos subalternos,<br />

e por que não dizer dos educandos, no ambiente escolar, algo que passa pelo<br />

autoconhecimento individual e implica reconhecer “o próprio valor histórico”, o<br />

que Nosella (2004) afirma não se tratar de um mero doutrinamento abstrato.<br />

O terreno da luta de heg<strong>em</strong>onias é a sociedade civil, que compreende instituições<br />

de legitimação do poder do Estado, como a Igreja, a escola, a família, os sindicatos,<br />

os meios de comunicação. Ao contrário do marxismo tradicional, que tendia a<br />

considerar essas instituições, mecanicamente, como meros aparelhos reprodutores<br />

da ideologia do Estado, Gramsci via nelas a possibilidade de início das transformações,<br />

pela construção de uma nova mentalidade, própria das classes dominadas.<br />

Na escola vislumbrada por Gramsci, as classes menos favorecidas poderiam se<br />

inteirar dos códigos dominantes, a começar pela alfabetização e pela construção de<br />

uma visão de mundo que levasse os indivíduos a superar<strong>em</strong> o “senso comum”, que<br />

é um conjunto de conceitos desagregados vindos de fora, além de impregnados de<br />

equívocos <strong>em</strong> virtude da religião e do folclore.<br />

Serviço Social do Comércio <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong>

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