Educação em Rede - Sesc
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que se dedicam a pensar na <strong>em</strong>ancipação das classes subalternas e oprimidas, vejamos<br />
o que se pode dizer sobre ela no pensamento de Gramsci.<br />
Tendo sido um dos fundadores do Partido Comunista da Itália <strong>em</strong> 1921, esse<br />
autor tornou-se uma das maiores referências do pensamento marxista e da esquerda<br />
mundial no século passado. Embora comprometido com a revolução proletária,<br />
acreditava que a tomada do poder deveria, necessariamente, ser precedida por mudanças<br />
de mentalidade por parte das classes subalternas. Para ele, os intelectuais<br />
eram os atores privilegiados dessa mudança, e a escola, um dos seus instrumentos<br />
mais importantes. Foi ele qu<strong>em</strong> trouxe à discussão pedagógica a elevação cultural<br />
das massas como um objetivo primordial da escola. Por ela, as classes populares se<br />
livrariam de uma visão de mundo assentada <strong>em</strong> preconceitos e tabus que se constitu<strong>em</strong><br />
no “senso comum”, predispondo-se à interiorização acrítica da ideologia das<br />
classes dominantes.<br />
Uma das originalidades desse pensador italiano está no fato de ter se detido<br />
particularmente no papel da cultura e dos intelectuais nos processos da mudança<br />
na história, e é nesse contexto que se inser<strong>em</strong> suas ideias sobre educação. Para entendê-las<br />
é preciso conhecer o conceito de “heg<strong>em</strong>onia”, um dos pilares do pensamento<br />
gramsciano. Sua obra maior foi escrita na prisão, vindo a público após a sua<br />
morte, tendo sido produzida sob rigorosa censura, o que o obrigou a adotar uma<br />
linguag<strong>em</strong> codificada, substituindo expressões como “marxismo” por “filosofia da<br />
práxis”, “comunismo”, por “sociedade regulada” etc. Nessas condições, desenvolveu<br />
também conceitos originais como “bloco histórico”, “intelectual orgânico”, e aprimorou<br />
outros, como o conceito de “partido”, de “revolução” e de “sociedade civil”.<br />
A heg<strong>em</strong>onia significava para Gramsci a relação de domínio de uma classe social<br />
sobre o conjunto da sociedade. Domínio esse que se dá <strong>em</strong> duas esferas: uma<br />
delas é a “coerção”, <strong>em</strong> concordância com as reflexões do marxismo clássico. Contudo,<br />
há uma outra mais eficaz, mais rica e mais dinâmica, sendo a responsável por<br />
uma mudança de contexto <strong>em</strong> relação às táticas dos partidos revolucionários, porque<br />
as tarefas da revolução também mudam <strong>em</strong> diversos contextos históricos, que<br />
é o “consenso” obtido pela classe dominante junto às subalternas. Talvez pelo fato<br />
de que sua reflexão tenha se baseado <strong>em</strong> experiências políticas socialistas derrotadas<br />
na Itália, onde o fascismo assumiu ares de um movimento de massas.<br />
Gramsci teve oportunidade de analisar o pensamento das massas e a relação<br />
das mesmas não só com as classes dominantes, mas, sobretudo, com os seus va-<br />
<strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong> Currículos <strong>em</strong> EJA: saberes e práticas de educadores<br />
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EJA: de ensino<br />
supletivo à<br />
condição de um<br />
novo paradigma<br />
para a educação<br />
no t<strong>em</strong>po<br />
presente