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Educação em Rede - Sesc

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28<br />

EJA: de ensino<br />

supletivo à<br />

condição de um<br />

novo paradigma<br />

para a educação<br />

no t<strong>em</strong>po<br />

presente<br />

apropriados de ações e atitudes na vida posterior. Esse é o meio através do qual as<br />

escolas pod<strong>em</strong> passar seu capital simbólico. Dessa forma, a escolarização está ligada<br />

a uma forma de opressão e não de <strong>em</strong>ancipação dos indivíduos, praticando uma<br />

“violência simbólica”, o que não é planejado pelos educadores, mas é amplamente<br />

produzido pela ação das próprias classes dominantes, ou melhor, pela interação<br />

entre as mesmas e um sist<strong>em</strong>a educacional conservador. No entanto, a novidade<br />

aqui é que, pela sua própria lógica de funcionamento, a escola pode modificar o<br />

conteúdo e a essência da cultura que transmite:<br />

A cultura não é apenas um código comum n<strong>em</strong> mesmo um repertório comum de respos-<br />

tas a probl<strong>em</strong>as recorrentes. ela constitui um conjunto comum de esqu<strong>em</strong>as fundamen-<br />

tais, previamente assimilados, e a partir dos quais se articula segundo uma “arte da inven-<br />

ção” análoga à da escrita musical, uma afinidade de esqu<strong>em</strong>as particulares diretamente<br />

aplicados a situações particulares (BOUrDieU, 1987, p. 208-209).<br />

Desse modo, a escola cumpre uma função expressa de transformar o legado<br />

coletivo <strong>em</strong> inconsciente individual e comum (ibid<strong>em</strong>, p. 212-215).<br />

Essa possibilidade sugere que haja uma “autonomia restrita”, <strong>em</strong> que, ainda<br />

que difícil, não seja de todo impossível pensar que a mudança possa passar pela<br />

escola. O maior probl<strong>em</strong>a dela não está na imposição das desigualdades de classes,<br />

mas, sim, <strong>em</strong> naturalizar um conjunto de conteúdos, cujo caráter arbitrário é<br />

ocultado, 3 legitimando uma ord<strong>em</strong> social que torna efetivas as relações de poder<br />

e a desigualdade, s<strong>em</strong> que os dominados possam ter clareza disso. Assim, o que as<br />

classes dominantes detêm é o “poder simbólico”. Cabe destacar que, <strong>em</strong> Bourdieu,<br />

a reflexão acerca da escola e a teoria do Estado introduz<strong>em</strong> o conceito de cultura<br />

e de habitus. Se, por um lado, se r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a uma teoria da reprodução, por outro,<br />

mostram como o processo de construção e conservação de uma dada dominação é<br />

dinâmico, atuando nas mentes; daí a necessidade de que essa dimensão da realidade<br />

social também seja alvo de investigação por parte dos que reflet<strong>em</strong> sobre teorias<br />

da mudança, e até mesmo da revolução social.<br />

Mas, se até aqui a escola é vista como um dos principais pilares da dominação<br />

e, portanto, refletir sobre modelo de escola é algo que está superado para aqueles<br />

3. l<strong>em</strong>bro aqui da permanente tentativa do mSt de elaborar e atualizar um calendário próprio, com datas e cronologia<br />

marcada pela própria história social dos movimentos rurais do Brasil, dando destaque, por ex<strong>em</strong>plo, a movimentos<br />

que a historiografia de ensino médio e Fundamental pouco destaca, como a Guerra de canudos e o contestado.<br />

trata-se de uma tentativa de resistência.<br />

Serviço Social do Comércio <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong>

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