Educação em Rede - Sesc
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EJA: de ensino<br />
supletivo à<br />
condição de um<br />
novo paradigma<br />
para a educação<br />
no t<strong>em</strong>po<br />
presente<br />
apropriados de ações e atitudes na vida posterior. Esse é o meio através do qual as<br />
escolas pod<strong>em</strong> passar seu capital simbólico. Dessa forma, a escolarização está ligada<br />
a uma forma de opressão e não de <strong>em</strong>ancipação dos indivíduos, praticando uma<br />
“violência simbólica”, o que não é planejado pelos educadores, mas é amplamente<br />
produzido pela ação das próprias classes dominantes, ou melhor, pela interação<br />
entre as mesmas e um sist<strong>em</strong>a educacional conservador. No entanto, a novidade<br />
aqui é que, pela sua própria lógica de funcionamento, a escola pode modificar o<br />
conteúdo e a essência da cultura que transmite:<br />
A cultura não é apenas um código comum n<strong>em</strong> mesmo um repertório comum de respos-<br />
tas a probl<strong>em</strong>as recorrentes. ela constitui um conjunto comum de esqu<strong>em</strong>as fundamen-<br />
tais, previamente assimilados, e a partir dos quais se articula segundo uma “arte da inven-<br />
ção” análoga à da escrita musical, uma afinidade de esqu<strong>em</strong>as particulares diretamente<br />
aplicados a situações particulares (BOUrDieU, 1987, p. 208-209).<br />
Desse modo, a escola cumpre uma função expressa de transformar o legado<br />
coletivo <strong>em</strong> inconsciente individual e comum (ibid<strong>em</strong>, p. 212-215).<br />
Essa possibilidade sugere que haja uma “autonomia restrita”, <strong>em</strong> que, ainda<br />
que difícil, não seja de todo impossível pensar que a mudança possa passar pela<br />
escola. O maior probl<strong>em</strong>a dela não está na imposição das desigualdades de classes,<br />
mas, sim, <strong>em</strong> naturalizar um conjunto de conteúdos, cujo caráter arbitrário é<br />
ocultado, 3 legitimando uma ord<strong>em</strong> social que torna efetivas as relações de poder<br />
e a desigualdade, s<strong>em</strong> que os dominados possam ter clareza disso. Assim, o que as<br />
classes dominantes detêm é o “poder simbólico”. Cabe destacar que, <strong>em</strong> Bourdieu,<br />
a reflexão acerca da escola e a teoria do Estado introduz<strong>em</strong> o conceito de cultura<br />
e de habitus. Se, por um lado, se r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a uma teoria da reprodução, por outro,<br />
mostram como o processo de construção e conservação de uma dada dominação é<br />
dinâmico, atuando nas mentes; daí a necessidade de que essa dimensão da realidade<br />
social também seja alvo de investigação por parte dos que reflet<strong>em</strong> sobre teorias<br />
da mudança, e até mesmo da revolução social.<br />
Mas, se até aqui a escola é vista como um dos principais pilares da dominação<br />
e, portanto, refletir sobre modelo de escola é algo que está superado para aqueles<br />
3. l<strong>em</strong>bro aqui da permanente tentativa do mSt de elaborar e atualizar um calendário próprio, com datas e cronologia<br />
marcada pela própria história social dos movimentos rurais do Brasil, dando destaque, por ex<strong>em</strong>plo, a movimentos<br />
que a historiografia de ensino médio e Fundamental pouco destaca, como a Guerra de canudos e o contestado.<br />
trata-se de uma tentativa de resistência.<br />
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