Educação em Rede - Sesc
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EJA: de ensino<br />
supletivo à<br />
condição de um<br />
novo paradigma<br />
para a educação<br />
no t<strong>em</strong>po<br />
presente<br />
A escola: entre a dominação e a transformação social<br />
Para a maioria das matrizes teóricas cont<strong>em</strong>porâneas que analisam a t<strong>em</strong>ática<br />
do Estado, não há nenhuma possibilidade de crítica e transformação da sociedade<br />
que passe pelo papel da escola. 1 Para os jusnaturalistas, 2 por ex<strong>em</strong>plo, a escola se<br />
vincula às atribuições do contrato social, que criam as bases para o “Estado civil”,<br />
garantindo ao povo a condição de civilizado, abrindo mão de certas prerrogativas<br />
como a liberdade, conciliando-a à sujeição. Desse modo, a escola acaba-se constituindo<br />
num instrumento que promove o alcance da razão por parte da soma de<br />
indivíduos, de modo que saiam do seu “estado de natureza”, sendo, portanto, uma<br />
instituição fundamental para a <strong>em</strong>ancipação e a promoção dos indivíduos civilizados,<br />
tendo um caráter afirmativo, de avanço, de conquista <strong>em</strong> direção ao progresso<br />
da humanidade.<br />
Para uma parte dos marxistas, por outro lado, ela está ligada direta ou<br />
indiretamente à teoria da reprodução, constituindo-se para alguns autores no pilar<br />
fundamental para a constituição de uma dada dominação. Segundo Althusser<br />
(apud CARNOY, 1994, p. 125-126), por ex<strong>em</strong>plo, a escola, entendida como “aparelho<br />
ideológico de Estado”, tal como outras instituições, como a Igreja e o Exército, está<br />
fadada a reproduzir um conjunto de valores e saberes, sob bases teóricas e práticas<br />
que garantam a sujeição da classe operária à ideologia dominante ou às manobras<br />
operadas pela mesma. Essa afirmação baseia-se no fato de que a reprodução da<br />
força de trabalho exige não somente uma reprodução da qualificação, mas também<br />
a submissão às regras da ord<strong>em</strong> social estabelecida, o que sugere que o momento<br />
da formação educacional seja na verdade a oportunidade para estabelecer como<br />
conjunto de códigos sociais um conjunto de regras que ampliam e garant<strong>em</strong> a<br />
eficácia da ideologia dominante para os agentes da exploração e da repressão, a<br />
fim de que possam assegurar por todos os meios a dominação de classe. E essa<br />
ideologia é comum a todos, de modo que cada qual des<strong>em</strong>penhe a sua tarefa,<br />
sejam os proletários, os explorados, sejam os capitalistas, os exploradores. Nesse<br />
sentido, o papel do educador aqui ou é o de agente da exploração, ou, por outro<br />
lado, o de militante solitário contra a ideologia, contra o sist<strong>em</strong>a e contra as práticas<br />
1. escola, aqui, obviamente não se refere a um espaço físico dedicado à instrução de alunos; é um conceito que está<br />
relacionado ao conjunto de relações sociais que envolv<strong>em</strong> a educação e a formação do indivíduo, voltado para sua<br />
integração ao mundo e à sociedade, tornando-o sujeito de sua própria história, um intelectual, no sentido gramsciano,<br />
um ser crítico e leitor do mundo, no sentido freireano.<br />
2. Defensores da existência de um “direito natural” do indivíduo, que prevalece às normas jurídicas.<br />
Serviço Social do Comércio <strong>Educação</strong> <strong>em</strong> <strong>Rede</strong>